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    ‘Estou frustrado por não termos vendido uma estatal em dois anos’, diz Guedes

    Ministro diz que o recurso das privatizações e concessões de ativos e imóveis devem ser usados para o pagamento da Dívida Pública, que segue subindo

    Anna Russi, , do CNN Brasil Business



     

    O ministro da Economia, Paulo Guedes, admitiu estar frustrado com o atraso na agenda de privatizações do governo.

    “Estou frustrado com o fato de estarmos aqui há dois anos e não termos conseguido vender uma estatal”, comentou nesta terça-feira (10) na abertura do evento “Boas práticas e desafios para a implementação da política de desestatização do Governo Federal”, promovido pela Controladoria Geral da União (CGU). 

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    O ministro da Economia, Paulo Guedes
    O ministro da Economia, Paulo Guedes
    Foto: CNN (23.set.2020)

     

    Ele lembrou ainda que um dos integrantes da equipe econômica chegou a deixar o time pelo atraso no cronograma de venda das estatais. Em agosto, o empresário Salim Mattar deixou o cargo de secretário especial de Desestatização do Ministério da Economia com a justificativa de que as privatizações não estavam “andando”. 

    “Entrou um outro com muita determinação e mais juventude, quem sabe ele aguenta o tranco e vai conseguir entregar mais. Ele só tem que fazer um gol para ganhar porque o outro fez zero”, afirmou se referindo ao secretário especial de Desestatização, Desinvestimento e Mercados, Diogo Mac Cord, que assumiu a antiga vaga de Mattar. 

    Na avaliação do ministro, as privatizações são essenciais para que o país atinja uma estrutura de qualidade nos serviços básicos como saneamento, água, educação e segurança. “A sociedade precisa de estrutura pública, água, saneamento e o Estado não está entregando”, observou. 

    Guedes defendeu a despolitização da água do povo brasileiro, bem como da moeda. “Com a aprovação do Banco Central autônomo acabamos de despolitizar a moeda do Brasil. Até então, a moeda ainda estava politizada: ainda tinha presidente que mandava baixar juros para ser reeleito, que mandava queimar reservas internacionais para ser reeleito”, criticou. 

    Segundo o ministro, o recurso das privatizações e concessões de ativos e imóveis devem ser usados para o pagamento da Dívida Pública, que segue subindo. “O auxílio emergencial custou R$ 50 bilhões por mês. Ou seja, R$ 500 bilhões por ano, sendo que o serviço da dívida era R$ 300 bilhões ou R$ 400 bilhões. Poderíamos, se tivéssemos matado a dívida, alocar esses recursos para transferência de renda para os mais pobres”, observou. 

    Para ele, apesar de ter feito a abertura política, o Brasil não conseguiu desenhar um regime político aberto. “Justamente pelo aparelhamento do Estado e pelo jogo de interesses, não conseguimos fazer essa transição. Ao longo dos últimos 20 anos não fizemos as privatizações. Temos que, justamente, fazer essa transição para moldar o Estado em uma ordem democrática. Nessa ordem o importante é a ação descentralizada. Precisamos de segurança pública, saúde, saneamento… O Estado não está conseguindo chegar lá. Algumas empresas estatais se perderam ao longo do tempo”, reforçou. 

    Guedes acredita que o Brasil deve à sua democracia a transformação do Estado. “Devemos ao regime politicamente aberto essa transformação do Estado brasileiro. Essa missão está acima da política partidária que, inclusive, impediu que nós avançássemos. Acordos políticos impediram as privatizações de um governo liberal democrata que foi eleito e que falou o tempo todo que ia privatizar. Ai, de repente, tem acordo político no Congresso que não deixa privatizar. Então, precisamos recompor o nosso eixo político para fazer as privatizações que prometemos durante a campanha”, defendeu.

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