Estiagem vai fazer conta de luz pesar no bolso do brasileiro, diz especialista
Em entrevista à CNN Rádio, Pedro Côrtes explica que a seca pode impedir até a recuperação econômica
As hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste terminaram o período de chuva deste ano com o menor nível de água nos reservatórios desde 2015. Em entrevista à CNN, o geólogo e professor da Universidade de São Paulo Pedro Côrtes afirmou que a situação é “muito difícil” e que a tendência é que ela se agrave ainda mais e afete até a recuperação econômica no pós-pandemia.
Segundo Côrtes, a estiagem ocorre devido à sobreposição de duas situações: a redução das chuvas geradas pela chamada zona de convergência na Amazônia e o fenômeno La Niña, que aconteceu desde meados do ano passado até abril deste ano.
“Tem havido redução sistemática das chuvas, ao longo dos últimos dez anos, por conta do desmatamento da Amazônia, o que faz com que grandes reservatórios trabalhem em nível médio abaixo do observado no último século”, disse. “São dois fenômenos que se sobrepõem: o desmatamento continua acontecendo e a La Niña deve voltar. Os prognósticos não são bons, e o verão 2021/2022 deve ser tão ou mais seco do que o último, dificultando a recarga dos mananciais.”
Côrtes destacou que a questão do desmatamento “já está pesando no nosso bolso”, com bandeira vermelha na conta de luz. “O cenário deve se agravar, e o governo já adiantou que há a possibilidade de a bandeira vermelha ficar mais cara, o que vai pesar no bolso e atrapalhar a recuperação econômica”, analisou.
O especialista disse ainda que a população deve pressionar os políticos para priorizar energia eólica e solar. “Temos alternativas que apontam para um futuro melhor, não podemos ficar reféns de uma situação climática como estamos agora.”