Estado brasileiro vive em um déficit fiscal permanente, diz pesquisador da FGV
Com a indefinição do texto final da PEC do Estouro e o mercado enxergando a possibilidade de aumento do risco fiscal, especialista projetam que a taxa básica de juros suba no país em 2023
Neste domingo (27), o pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV e chefe da Pesquisa Econômica da Julius Baer Family Office, Samuel Pessôa, falou à CNN Brasil sobre o cenário econômico no país.
Segundo ele, o tema mais importante que está sendo discutido agora é sobre o desequilíbrio fiscal, uma vez que o Brasil vive este problema desde 2015.
“O Congresso Nacional estabeleceu gastos para o governo, e simultaneamente, o próprio Congresso estabeleceu fontes de receita. Essas duas coisas não conversam”, apontou.
Pessôa disse que o estado brasileiro vive em um déficit fiscal permanente. Ou seja, não consegue se sustentar e colocar a dívida pública em uma trajetória sustentável. “Esse problema era muito grave em 2015, pois representava alguma coisa como 5% ou 6% do PIB. Hoje está entre 2% e 2,5%”, afirma.
“Houve muito estrangulamento com o teto de gastos, os grupos de pressão conseguiram se salvar, como é o caso do orçamento secreto, que ninguém tira o dinheiro, mas, esse processo de ajuste fiscal que vem desde 2015, afeta os interesses mais difusos da sociedade”, ressalta.
O pesquisador afirma ainda que o governo ficou muitos anos sem dar aumento real ao salário mínimo e várias políticas públicas tiveram seu orçamento muito reduzido. “Então tem um fim do ciclo de governo com uma demanda imensa para que essas políticas públicas recuperem seus recursos reduzidos”.
O problema, segundo Pessôa, é que a proposta do atual governo não tem a intenção de fazer uma revisão do orçamento, linha por linha, e analisar onde gastar menos e onde gastar mais. “O novo governo quer gastar mais permanentemente. A primeira proposta que o presidente Lula e o grupo petista mandou era quase 2 p.p. [a mais] do PIB nos gasto público durante 4 anos”, destaca.
“O presidente Lula gostaria de assumir [seu mandato] com um buraco fiscal de 4% a 4,5%. O problema é que o Congresso Nacional é solidário com o executivo na hora das bondades. Se pede gasto público, ele dá gasto público, porque ninguém fica chateado em gastar mais”.
Confira acima a entrevista completa