“Está no preço a expectativa de um déficit primário superior à meta”, diz Galípolo
Diretor do BC avalia que será possível observar os gatilhos do novo marco fiscal a partir de março do ano que vem
O diretor de Política Monetária do Banco Central, Gabriel Galípolo, disse nesta quinta-feira (5) que está no preço do mercado a expectativa de um déficit primário superior ao que está na meta.
Durante evento sobre fundos imobiliários, em São Paulo, Galípolo afirmou que, do ponto de vista de atingir a meta, os números devem apresentar alguma coerência.
“Como, atualmente, o Focus já mostra uma expectativa de déficit primário de 0,8% [do PIB], o número que acompanha esse déficit deve responder da mesma maneira para inflação, juros e crescimento econômico”, afirmou.
A partir dessa percepção, o diretor do BC avalia que será possível observar os gatilhos do novo marco fiscal a partir de março do ano que vem, após o primeiro relatório bimestral.
“Teremos em março o primeiro relatório bimestral, a partir do qual devem iniciar as políticas de contingenciamento, quando poderemos ver como os gatilhos vão funcionar a partir deste momento”.
Galípolo ainda ressaltou que o processo de construção do arcabouço fiscal é resultado de uma longa negociação e diálogo com os diversos ministros, representantes do governo e Legislativo. “Isso gera um nível de comprometimento muito grande”, disse.
Metas de inflação
Sobre as metas de inflação do Banco Central, o diretor afirmou que a autoridade monetária ainda tem que percorrer uma “última milha” para conseguir a reancoragem total da inflação para dentro da meta, chamando o cenário inflacionário no país de benigno, mas persistente.
Galípolo também destacou que existe um cenário externo desafiador para o Brasil, mas que as reservas internacionais fornecem ao país uma posição bastante privilegiada e proteção significativa.
O diretor do Banco Central avalia que a situação que o Brasil apresenta hoje é que existe espaço para ajustar o nível de contração da política monetária.
“Mas precisamos ajustar esse nível de contração, dado que pelo próprio comportamento da inflação cair, o juro real acabou crescendo. Conseguimos fazer esse ajuste, por isso nos engajamos nesse movimento de dar sinalização mais para frente”, pontua.
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*Publicado por Iasmin Paiva, da CNN, com informações de agência Reuters