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    Escolas funerárias ganham mais alunos nos EUA em meio à falta de trabalhadores

    Escassez no setor de serviços funerários está tão alta que a taxa de colocação é de cerca de 90% para graduados e salários podem chegar a US$ 75 mil ao ano

    Parija Kavilanzdo CNN Business , Nova York

    Enquanto as indústrias americanas lutam para preencher muitas vagas de emprego em um mercado de trabalho apertado, há pelo menos um tipo de trabalho em que o interesse parece estar florescendo: os serviços funerários.

    Faculdades especializadas em educação para serviços funerários estão aumentando o número de matrículas em meio à escassez de trabalhadores no setor.

    “A escassez é tão séria agora que há uma taxa de colocação de 90% para graduados desses programas”, disse Leili McMurrough, diretora de programa do Worsham College of Mortuary Science em Wheeling, Illinois, uma das escolas mortuárias mais antigas do país, que remonta a 1911.

    Em 2021, as matrículas em todo o país de novos alunos em programas credenciados de ciências mortuárias aumentou 24% em relação a 2020, de acordo com o Conselho Americano de Educação em Serviços Funerários (CAESF).

    O aumento percentual geral na matrícula de estudantes nos 58 programas ou instituições mortuárias credenciadas nos Estados Unidos pode ser ainda maior este ano, disse McMurrough, que também é presidente do Comitê de Acreditação do Conselho Americano de Educação em Serviços Funerários.

    Randy Anderson, presidente da National Funeral Directors Association (Associação Nacional de Diretores de Funerárias), está ciente da crise de mão-de-obra e diz que as faculdades não podem produzir trabalhadores licenciados com rapidez suficiente para atender à necessidade de novas contratações.

    A demanda por agentes funerários é especialmente alta, e uma força de trabalho envelhecida tornou isso uma corrida contra o tempo, disse Anderson.

    “Há uma necessidade urgente de substituir aqueles que estão na profissão há muitos anos e estão se aposentando”, disse ele. “Mais de 60% dos proprietários de funerárias disseram que vão se aposentar em cinco anos. Isso é muito”.

    Atualmente, a associação tem mais de 20 mil membros e cada estado tem seus próprios requisitos de aprendizado e licenciamento, disse Anderson. A maioria dos estados também exige que os diretores de funerais se formem em uma faculdade ou programa universitário credenciado.

    De acordo com os dados mais recentes do governo americano, a indústria funerária gera mais de US$ 16 bilhões em receita anual do país. Havia mais de 18.800 casas funerárias nos EUA em 2021, a maioria delas pequenas empresas privadas, abaixo dos 19.902 em 2010, de acordo com números do setor.

    Mulheres jovens e candidatos que buscam uma segunda carreira

    Atualmente, as mulheres representam 72% dos recém-formados em serviços funerários, de acordo com os últimos números da CAESF. Segundo Anderson, “até a década de 1970, os homens dominavam. A cada década, desde então, o número de mulheres entrando na profissão aumentou”.

    Leili McMurrough, diretora do programa do Worsham College, conversa com suas alunas, nos EUA / Sophie Baron Photography / Worsham College / Divulgação

    E elas são mais jovens, também. Em Worsham, disse McMurrough, o estudante típico é uma mulher de 24 a 29 anos, mas muitos são candidatos mais velhos que buscam uma nova carreira.

    “Há um grande interesse neste campo por parte das mulheres, e isso faz sentido. As mulheres absolutamente têm uma inclinação empática e talvez estejam mais bem preparadas para ajudar as famílias a passar por um evento de vida muito difícil”, disse Ed Michael Reggie, CEO da Funeralocity.com, um recurso online para ajudar as famílias a encontrar uma funerária ou crematório que melhor atenda às suas necessidades.

    “Ninguém planeja ser um agente funerário, a menos que você tenha um familiar no negócio”, disse Reggie. “Mas como uma primeira carreira, geralmente não é um diploma caro. É um programa mais curto do que um diploma universitário completo e você pode ganhar de US$ 60 mil a US$ 75 mil por ano”.

    Ellen Wynn McBrayer é diretora funerária da Jones-Wynn Funeral Home and Crematorium, uma empresa familiar de terceira geração com dois locais na Geórgia. Sua avó, Shirley Drew Jones, foi a primeira mulher a ser uma diretora funerária licenciada no estado.

    McBrayer disse que sua avó esperava que mais mulheres entrassem na profissão.

    “As pessoas novas e mais jovens que estão chegando também têm a mente mais aberta sobre não fazer as coisas da mesma maneira, mas personalizar o serviço para o que as famílias desejam”, disse McBrayer. “Um funeral não é apenas um dia na vida, mas uma vida inteira em um dia”.

    Vários fatores estão alimentando o crescente interesse pela profissão.

    Em sua escola, McMurrough disse que o número de matrículas aumentou depois que Worsham começou a oferecer seu programa online há dois anos. “Isso deu às pessoas que tinham outro emprego, mas também estavam interessadas no campo, a flexibilidade de poder segui-lo”, disse ela.

    Worsham oferece um diploma de associado de um ano (matrícula de US$ 22.800) e um programa de graduação de associado online de 16 meses (matrícula de US$ 24.800). Oitenta por cento do grupo mais recente de alunos do curso online da faculdade eram mulheres, disse ela.

    O rápido avanço na carreira é outro apelo.

    Estes não são empregos de nível de seis dígitos – os salários médios para empregos na indústria funerária, como gerentes de funerárias, foram de US$ 74 mil e US$ 48.950 para agentes funerários em 2021, de acordo com o Bureau of Labor Statistics (Escritório de Estatísticas do Trabalho). Mas “você tem a oportunidade de avançar em apenas alguns anos após obter seu diploma universitário para se tornar um diretor funerário ou até mesmo possuir sua própria funerária”, disse McMurrough.

    Não é para todos

    As armadilhas também existem aí.

    “Existem algumas áreas da profissão que ainda não alcançaram outras indústrias em termos de salários competitivos. Isso continua sendo um desafio no recrutamento e retenção de trabalhadores”, disse Anderson, da National Funeral Directors Association.

    Hannah Walker já tem uma oferta de emprego depois de se formar em seu programa da escola funerária este mês, nos EUA / Sophie Baron Photography / Worsham College / Divulgação

    O burnout é outro desafio. “No auge da pandemia, as pessoas de todo o setor trabalhavam sem parar, sem dias de folga”, disse McMurrough. “Mas você faz isso porque você se importa”.

    No entanto, muitos novos alunos disseram que a pandemia também influenciou seu desejo de servir suas comunidades, disse McMurrough.

    “Tantas pessoas experimentaram a morte nos últimos dois anos de maneiras que não esperavam. As famílias não podiam se despedir dos entes do jeito que queriam”, disse ela. “Em alguns casos, os funcionários da funerária se tornaram os últimos a ver aqueles que faleceram em vez de suas próprias famílias. Esses momentos causaram impacto nas pessoas”.

    Hannah Walker, que se formou em Worsham durante o verão, é uma delas.

    “Eu certamente nunca planejei me formar nesse programa, mas meu avô abriu meus olhos para isso”, disse Walker, de 31 anos, que mora em Michigan. Sua experiência com a morte do avô por câncer de próstata, antes da pandemia, e seu funeral a ajudaram a reformular o que a experiência poderia ser para outras famílias.

    Então, cerca de dois anos e meio atrás, Walker deu o primeiro passo, ligando para várias funerárias e perguntando se ela poderia acompanhar um de seus funcionários para obter experiência em primeira mão.

    “Fiz isso por quase um ano e percebi que era para mim. Eu me importava o suficiente para querer fazer isso”, disse ela. Walker se formou no Worsham College na sexta-feira (9) e tem um emprego esperando por ela na funerária, a mesma onde ela acompanhou os funcionários como treinamento, para quando ela terminar seu aprendizado e obter sua licença estadual para praticar.

    “Esta não é uma carreira para todos”, disse Anderson. “Você tem que ser atraído por isso e pela oportunidade de ajudar seus semelhantes e ficar satisfeito com isso”.

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