EPE recebe 132 propostas para leilão de capacidade energética de dezembro
Somados, projetos gerariam até 50,6 mil megawatts de potência, mas Ministério de Minas de Energia ainda não estipulou quantidade a ser contratada
O primeiro leilão brasileiro de reserva de capacidade energética, previsto para ocorrer no dia 21 de dezembro, recebeu a inscrição de 132 projetos que, somados, podem adicionar 50,6 mil megawatts de potência ao Sistema Interligado Nacional. A informação foi anunciada pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), estatal vinculada ao Ministério de Minas e Energia, sediada no Rio de Janeiro.
O prazo para inscrições foi encerrado no último dia 10. O total oferecido seria suficiente para abastecer mais de 50 milhões de residências. O principal combustível escolhido para a geração termelétrica foi o gás natural, responsável por 47 mil megawwatts, ou 92% do total proposto.
O combustível é seguido pelo carvão mineral (1,4 mil mw), pelos óleos combustível (1,2 mil) e diesel (568 mw).
O total ofertado não será, necessariamente, contratado pelo governo. Isto porque as empresas proponentes ainda precisam passar pela análise do ministério para habilitação. O anúncio das aprovadas nessa etapa será realizada no dia 6 de dezembro. Além disto, a pasta ainda não definiu a demanda que será contratada no leilão.
A quantidade de energia contratada será definida pelo Ministério de Minas e Energia, com base em estudos técnicos conduzidos pela EPE e pelo Observatório Nacional do Sistema Elétrico (ONS). A iniciativa procura atender o Plano Decenal de Expansão de Energia (PDE 2030), publicado em agosto de 2020.
A Associação Brasileira de Geradoras Termelétricas (Abraget) estima que a demanda seja algo entre quatro e seis mil megawatts, o que abasteceria entre quatro e seis milhões de residências.
Presidente da entidade, Xisto Vieira Filho entende que a medida é um avanço e que o leilão não é para contemplar a ampliação de capacidade do sistema elétrico, mas para atacar as vulnerabilidades que ele apresenta pelo país e que podem levar a uma queda de abastecimento.
“Esse é um leilão de confiabilidade, a demanda será determinada pelos estudos que vão analisar em quais situações pode haver um grande baque no sistema interligado. Verá quanto eles podem provocar em perdas energéticas. Serão analisadas as possíveis ocorrências mais prováveis. É uma medida excepcional, porque busca aumentar a segurança”, afirma.
Além dos combustíveis mais comuns, também foram apresentadas propostas de usinas movidas a biocombustível, bagaço de cana, resíduos sólidos, cavaco de madeira e biogás. A maioria dos projetos propostos está concentrada no Nordeste: 55, seguido por 41 do Sudeste, 16 do Norte, 13 do Sul e um do Nordeste.
No entanto, em termos de capacidade energética, os 41 projetos do Sudeste adicionariam s 26,6 mil mw ao país. Esse total corresponde a 52,5% das propostas de ampliação.
Na sequência, aparecem Nordeste (36,5%), Norte (6,7%), Sul (2,9%) e Centro-Oeste (1,1%). As propostas são para contratos com duração de 15 anos e início de fornecimento previsto para julho de 2026 e julho de 2027.
Em leilões de energia já realizados para aumento de capacidade energética, de acordo com a EPE, o Brasil tem 19 termelétricas contratadas que já estão em construção, além da usina nuclear de Angra 3. Outras 30 usinas contratadas ainda não tiveram construção iniciada, segundo a estatal.