Entregas da China em 16 dias: como a Leve, do Ebanx, tem mudado o mercado
Desde fevereiro, quando a modalidade foi lançada, cerca de 400 mil pacotes já foram entregues pela marca (parte deles vindos dos Estados Unidos)
Há pouco tempo, comprar em um e-commerce da China era uma espécie de loteria. De um lado, estão os que compraram mas nunca receberam a encomenda e, de outro, os sortudos que receberam, mas depois de uma longa espera.
O problema ainda existe, é claro. Mas a Leve, startup de logística do unicórnio curitibano Ebanx, tem conseguido avanços importantes no setor. Desde fevereiro, quando a modalidade foi lançada, cerca de 400 mil pacotes já foram entregues pela marca (parte deles com escala nos Estados Unidos), com tempo médio de 16 dias para todo o Brasil e até 10 dias para as capitais.
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Mas como isso é feito? Primeiramente, a empresa tem a vantagem competitiva de já processar os pagamentos de grandes potências do setor, como o Alibaba, facilitando a transmissão de informações. A partir disso, a empresa consegue interferir na saída dos produtos da China e também na chegada por aqui.
Do ponto de vista das lojas, o grande problema era de formatação, aponta André Boaventura, CMO do Ebanx. Ele explica que os produtos eram etiquetados fora do padrão adotado pelos Correios, o que dificultava a identificação e análise dos pacotes em sua chegada ao Brasil.
“Quando as empresas finalizam as vendas, capturamos as características da encomenda via API e geramos etiquetas no padrão adotado pelos Correios”, diz. “Depois disso, os produtos são consolidados em armazéns parceiros e encaminhados para os aviões que transportam as mercadorias.”
Passado o momento do traslado, que é a parte mais tranquila do processo, os produtos encontram outra barreira invisível, a liberação da Receita Federal. André explica que pacotes não taxados têm processamento simples e saem de lá em até dois dias. O problema é quando há taxas a pagar.
“Quando um produto é taxado, a pessoa tem 30 dias para pagar, mas a Receita não avisa para o destinatário”, afirma. “O que fazemos é avisar para os clientes que o pagamento está pendente, possibilitando uma aceleração deste processo. Mas queremos impactar ainda mais.”
O plano da empresa é conseguir estabelecer previsibilidade na taxação e já embutir essa cobrança quando o cliente pagar pelo produto no portal do e-commerce, o que deve acontecer no início de 2021. Neste caso, a Leve adiantaria este pagamento diretamente para a Receita e aceleraria um pouco mais o processo de entrega.
Superado mais este obstáculo, a empresa recolhe os produtos e entrega para os Correios, que transporta a embalagem até o endereço apontado pelo consumidor final. Boaventura também espera, no futuro, poder incluir outras startups de logística no processo para dinamizar a última ponta da cadeia.
O próximo passo, seguindo o DNA da empresa, é estender o serviço para outros países da América Latina.
Números
Hoje, a Leve cobra cerca de US$ 8 para entregar produtos vindos da China. Preço considerável, ainda mais pensando em um dólar acima dos R$ 5, mas que André acredita ser justo pelo serviço prestado. Ainda mais com rastreamento e entregas mais rápidas. Com este fluxo Brasil-China crescendo cada vez mais, o gestor espera que o mercado só cresça nos próximos tempos.
“Pelo menos 200 mil pacotes são enviados da China para o Brasil diariamente”, diz. “Muito por isso, muitas empresas já têm o Brasil entre os seus cinco mercados mais importantes. E as que não têm, alegam problemas de logística, área em que estamos trabalhando para criar alternativas.”
O mês de novembro, muito importante no varejo chinês, mostra a força da demanda brasileira. Principalmente por conta do Dia dos Solteiros e da Black Friday, a Leve entregou 30 mil pacotes vindos de lá.
Ele explica que as vendas na data (11/11) e no mês têm crescido anualmente, mas podem ganhar ainda mais tração com as varejistas brasileiras participando. Este ano, a Americanas já teve ofertas especiais no dia 11 de novembro.
Perfil de consumo
Comparando as encomendas vindo de China e Estados Unidos, a empresa enxerga algumas diferenças. Da China, costumam vir produtos eletrônicos e acessórios de uma forma mais abrangente. Já nos EUA, os clientes compram produtos mais específicos, que normalmente seriam comprados in loco.
“Há alguns nichos, como enxoval de bebê e marcas de roupa famosas, e objetos mais específicos, como instrumentos musicais, ou peças de veículos ou bicicletas, que não é tão fácil encontrar por aqui”, conta. A entrega, no caso dos EUA, é substancialmente mais rápida, levando até 7 dias.
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