Entenda por que a recuperação da confiança na globalização será tema em Davos
À CNN Rádio, o professor Leonardo Trevisan explicou que o mundo, hoje, está mais fragmentado do que há três anos, devido à pandemia, guerra na Ucrânia e crise econômica
Um dos temas centrais do Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça, é a busca pela cooperação em um mundo que, hoje, está fragmentado.
Para o professor de Relações Internacionais da ESPM Leonardo Trevisan, esta é a questão central a ser discutida.
Em entrevista à CNN Rádio, ele explicou como essa divisão se deu e por que essa é fonte de preocupação.
Segundo o especialista, a “herança” dos últimos 3 anos está no cerne do problema.
“Tivemos uma das maiores pandemias do mundo, depois a maior guerra desde a 2ª Guerra Mundial, e isso aumenta o ceticismo, as pessoas ficam em dúvida da eficiência da globalização”, disse.
Trevisan defende que globalização está diretamente relacionada ao comércio e a subsequente fronteira aberta: “Isso diminui a pobreza.”
“A globalização de 1996 a 2010 reduziu em 2 bilhões a população abaixo da pobreza, é disso que estamos falando, de comércio e de enfrentar a pobreza.”
De acordo com o professor, por esse motivo, é sensato que o tema seja discutido em Davos para combater “esse ceticismo sobrea globalização, que não é bom.”
“O espírito de Davos é gerar confiança, aproximação, negócio e enfrentamento da pobreza”, completou.
Just In Time x Just In Case
Leonardo Trevisan explicou que a lógica “just in time” foi aplicada durante o auge da globalização.
“Quando preciso de alguma coisa, sei que tem alguém fabricando e eu compro.”
No entanto, ela foi trocada pelo “just in case”: “Nesse momento, eu estoco por via das dúvidas, ao invés de comprar na hora que preciso, o que cria desconfianças nas cadeias globais de suprimento.”
Se há fechamento das fronteiras, por exemplo, não há concorrência e o preço sobe, gerando inflação.
“Isso assusta Davos, não podemos ficar no ‘just in case’”, concluiu.
*Com produção de Bruna Sales