Empresa de telecomunicações BT dispensará até 55 mil funcionários nos próximos 7 anos
Em uma ligação com analistas, o CEO da empresa acrescentou que 10 mil funções seriam substituídas por digitalização e automação
O BT Group planeja cortar até 55 mil empregos nos próximos cinco a sete anos, à medida que faz maior uso da tecnologia, incluindo inteligência artificial, para cortar custos e simplificar seus negócios.
A empresa de telecomunicações do Reino Unido disse na quinta-feira (18) que sua força de trabalho total cairia para entre 75 mil e 90 mil até 2028-2030, de 130 mil atualmente. Isso inclui funcionários e contratados da BT fornecidos por terceiros.
“Ao continuar construindo e conectando, digitalizando a maneira como trabalhamos e simplificando nossa estrutura, até o final da década de 2020, o BT Group contará com uma força de trabalho muito menor e uma base de custos significativamente reduzida”, disse o CEO Philip Jansen em um comunicado.
Em uma ligação com analistas, Jansen acrescentou que 10 mil funções seriam substituídas por digitalização e automação.
“Seremos beneficiários inequívocos da IA”, disse ele, observando que a tecnologia ajudaria a empresa a oferecer atendimento ao cliente “de maneira mais integrada”.
“Nosso chatbot Amy já lida com muitas consultas de clientes”, acrescentou. A BT estava começando a explorar novos produtos e serviços que poderiam vir de “IA generativa e grandes IAs de modelo de linguagem”.
Jansen também disse que cerca de 10 mil pessoas a menos seriam necessárias para atender e consertar redes digitais, que “erram com menos frequência” e podem ser consertadas com mais facilidade do que as redes mais antigas.
Luta tradicional
No início desta semana, a Vodafone, que já foi o maior grupo de telecomunicações móveis do mundo, disse que cortaria 11 mil empregos, ou cerca de 11% de sua força de trabalho, em três anos.
A empresa também revelou um plano de recuperação para reviver sua fortuna sob o comando da nova CEO Margherita Della Valle.
As empresas de telecomunicações tradicionais sofreram com a concorrência de empresas como Apple e Google, que oferecem “os mesmos serviços básicos de voz, mensagens e chamadas de vídeo”, segundo a McKinsey.
As empresas de telecomunicações europeias tiveram um desempenho particularmente ruim na última década, entregando retornos mais baixos aos acionistas do que seus pares americanos, disse a consultoria em um relatório recente.
A BT já cortou 2,1 bilhões de libras (US$ 2,6 bilhões) em custos desde abril de 2020.
Embora “drásticos”, os cortes de empregos planejados pela BT não foram “muito surpreendentes, dados os custos crescentes e as margens estreitas no negócio mais amplo”, disse Matt Britzman, analista de ações da corretora Hargreaves Lansdown, em nota.
Uma vez construídas as redes de banda larga e 5G da BT, “a estratégia muda para monetizar a infraestrutura existente e alavancar novas tecnologias para fazer isso”, acrescentou.
A BT disse que a receita caiu 1%, para 20,7 bilhões de libras (US$ 25,8 bilhões) no ano até março, com o crescimento da Openreach, sua rede de banda larga de fibra, “mais do que compensado” por quedas em outros negócios. Seus ganhos ajustados aumentaram 5%, para 7,9 bilhões de libras (US$ 9,8 bilhões).
As ações da empresa caíram 8% em Londres, com os gastos mais altos levando a uma queda no fluxo de caixa livre decepcionando os investidores.