Em Davos, Guedes diz que há espaço para expandir políticas contra onda da Covid
Segundo o ministro, há espaço fiscal e monetário no Brasil para expandir políticas de assistência social e de crédito no caso de novas ondas de Covid
Ao participar do Fórum Econômico Mundial de Davos na manhã desta sexta-feira (21) o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que há espaço fiscal e monetário no Brasil para expandir políticas de assistência social e de crédito no caso de uma “terceira ou quarta onda” da Covid-19.
Guedes reconheceu que a variante Ômicron está infectando brasileiros neste início de ano, mas, para ele, de modo “menos severo”. “Estamos prontos com o protocolo”, disse, fazendo referência a uma possível piora da pandemia.
“Estamos prontos para disparar [as ações econômicas] de novo. Todos os programas foram muito bem sucedidos: preservação de empregos, programas de crédito e transferências diretas. Então estamos prontos para a vacinação massiva.”
Em um discurso em que tentou mostrar um desempenho fiscal melhor do Brasil ante outros países do mundo após os primeiros impactos da pandemia, Guedes argumentou que o Brasil foi “provavelmente o único” a retirar as políticas expansionistas com a queda da doença e a retomada da economia em 2021.
Assim, isso favorece uma resposta semelhante àquela dada em 2020 e 2021 no caso de recrudescimento da doença.
O ministro, que foi o último a falar no evento, iniciou seu discurso dizendo que os choques econômicos em razão da pandemia foram semelhantes no mundo todo, mas que as respostas de cada país foram diferentes.
O Brasil, segundo ele, é o único país que se encontra, do ponto de vista fiscal, no mesmo patamar em que estava antes da pandemia, no início de 2020.
As ações do governo federal, em seu entendimento, foram bem-sucedidas para a manutenção do emprego, da renda e digitalização de brasileiros.
Na política monetária, Guedes destacou que o juro real está em 3% ou 4%. Ele ainda repetiu que os gastos públicos em proporção do PIB voltaram ao mesmo patamar de 2019 (19%), depois de chegar a 26,5% em 2020.
“Todas as nossas políticas expansionistas foram voltadas para a doença, nós não as tornamos permanentes”, afirmou o ministro.
Sua fala durou pouco mais de dez minutos. Guedes também exaltou que os brasileiros têm aderido à vacinação, o que estaria favorecendo “o retorno seguro ao trabalho” e a retomada econômica.
Além de Guedes, participaram do evento a presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, o presidente do Banco do Japão, Kuroda Haruhiko, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva e a ministra das Finanças da Indonésia, Mulyani Indrawati.
Inflação
Guedes voltou a repetir no Fórum Mundial Econômico de Davos que a inflação não será transitória e não é um problema exclusivo do Brasil, mas de todo mundo.
Para ele, os gargalos nas cadeias produtivas devem se dissipar, mas o Ocidente não vai se beneficiar mais do efeito da globalização, que aumentou a concorrência no mercado de trabalho e, assim, manteve os salários mais baixos.
De acordo com o ministro, os bancos centrais estão dormindo e a inflação será um “grande problema para o mundo Ocidental”. Mas o Brasil, segundo ele, moveu-se rápido para lidar com a inflação por meio do Banco Central.