Em cúpula na Rússia, líderes do Brics promovem projetos financeiros e comerciais
A Rússia propôs a criação de uma bolsa de grãos do Brics que poderia ser expandida posteriormente para comercializar outras commodities importantes, como petróleo, gás e metais
Os líderes das nações do Brics, que responde por 37% da produção econômica global, previram em reunião na Rússia que sua influência crescerá, delineando projetos comuns que vão desde uma bolsa de grãos até um sistema de pagamentos internacionais.
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que buscou o apoio dos líderes do Brics em meio ao seu impasse com o Ocidente sobre a guerra na Ucrânia, disse que o crescimento econômico médio do grupo em 2024/25 será de 3,8%, em comparação com uma expansão global de 3,2% a 3,3%.
“A tendência do papel de liderança do Brics na economia global só se fortalecerá”, disse Putin, citando o crescimento populacional, a urbanização, o acúmulo de capital e o crescimento da produtividade como fatores decisivos.
A Rússia, maior exportador de trigo do mundo, propôs a criação de uma bolsa de grãos do Brics que poderia ser expandida posteriormente para comercializar outras commodities importantes, como petróleo, gás e metais.
“Os países do Brics estão entre os maiores produtores mundiais de grãos, legumes e oleaginosas. Nesse sentido, propusemos a abertura de uma bolsa de grãos do Brics”, disse Putin aos líderes.
Ele acrescentou que a bolsa “contribuirá para a formação de indicadores de preços justos e previsíveis para produtos e matérias-primas, considerando seu papel especial na garantia da segurança alimentar”.
“A implementação dessa iniciativa ajudará a proteger os mercados nacionais contra interferências externas negativas, especulações e tentativas de criar uma escassez artificial de alimentos”, disse Putin.
Outros líderes defenderam a criação de um sistema comum de pagamentos internacionais, que ajudaria os países do Brics a negociar entre si, contornando o sistema financeiro global dominado pelo dólar.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que participou da cúpula por meio de videoconferência após ter sofrido um acidente doméstico no sábado, em que bateu a cabeça, disse que é hora de os países do Brics avançarem na criação de meios de pagamento alternativos entre si.
Ele acrescentou que o NDB (sigla em inglês do banco do Brics) rompe com a lógica das instituições financeiras tradicionais, como o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI).
O primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, disse que acolhe os passos para a integração financeira dos países do Brics, enquanto o presidente da China, Xi Jinping, pediu o aprofundamento da cooperação financeira e econômica.
Em seu discurso, Putin também pediu a criação de uma plataforma de investimentos do Brics, que facilitará o investimento mútuo entre os países do grupos e também poderá ser usada para investimentos em outros países do Sul Global.
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