Em ata, Fed reforça abordagem cautelosa da política monetária
Documento referente à reunião de 31 de outubro a 1 de novembro foi divulgado nesta terça-feira (21)
As autoridades do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) concordaram em sua mais recente reunião de política monetária que poderão adotar uma abordagem cautelosa para elevar a taxa básica de juros dos Estados Unidos à frente e que só precisarão aumentá-la “se” as informações recebidas mostrem progresso insuficiente na redução da inflação.
“Todos os participantes concordaram que o Comitê (Federal de Mercado Aberto) estava em posição de proceder com cautela”, de acordo com a ata da reunião de 31 de outubro a 1 de novembro, divulgada nesta terça-feira (21).
“Os participantes destacaram que aperto adicional da política monetária será apropriado se informações recebidas indiquem que o progresso em direção à meta de inflação do Comitê é insuficiente”, disse a ata.
A ata mostrou que as autoridades do banco central dos EUA debateram sinais econômicos contraditórios, em uma reunião onde acabaram por manter a taxa de juros estável no atual intervalo de 5,25% a 5,50%.
Na época a reunião, o crescimento econômico dos EUA tinha acabado de registrar um ganho anualizado de 4,9% no terceiro trimestre, um ritmo de crescimento aparentemente inflacionário.
No entanto, os mercados financeiros já elevaram as taxas de juros para as famílias, empresas e o governo dos EUA, ameaçando restringir o crescimento econômico e do emprego mais do que seria necessário para que a inflação voltasse à meta de 2% do Fed.
“Os participantes comentaram sobre o aperto significativo nas condições financeiras nos últimos meses, impulsionado pelo aumento dos rendimentos de longo prazo”, apontou a ata.
Ainda assim, a inflação “permaneceu bem acima” da meta do banco central, o que provavelmente exigirá que a política monetária do Fed “permaneça em uma postura restritiva por algum tempo até que a inflação esteja claramente em queda de forma sustentável”.
A ata, que coloca condições em torno da necessidade de novos aumentos nos custos de empréstimos e se concentram mais em quanto tempo a taxa básica atual pode precisar ser mantida, sinalizam uma mudança importante no diálogo sobre política monetária do Fed.
O chair do Fed, Jerome Powell, fez uso liberal do termo “cuidadoso” em sua última coletiva de imprensa ao descrever os esforços do Fed para equilibrar a inflação ainda elevada com o aperto das condições de crédito e a sensação de que a economia estava prestes a desacelerar.
As autoridades, em geral, adotaram essa abordagem em um momento em que parece improvável que aumentem ainda mais a taxa básica de juros, mas não querem dizer isso enquanto a inflação, de 3,4% com base na medida preferencial do Fed, continua bem acima da meta do banco central.
Há pouco apetite entre os formuladores de política monetária para declarar vitória ou para dar aos investidores uma orientação direta sobre o que acontecerá em seguida.
A maioria dos investidores, no entanto, acredita que o Fed já terminou de aumentar os juros. Os contratos vinculados à taxa de referência da taxa básica do banco central mostram uma probabilidade quase nula de novos aumentos.
Antes da divulgação da ata, a ferramenta FedWatch, do grupo CME, colocou as chances de um corte nos custos de empréstimos em cerca de 57% para a reunião de política monetária do Fed de 30 de abril a 1 de maio de 2024.
A ata não abordou essa possibilidade, com as autoridades insistindo que ainda não estão completamente certas de que a taxa de juros seja “suficientemente restritiva” para acabar com o combate à inflação.
Os formuladores de política monetária do Fed disseram publicamente que sua decisão sobre por quanto tempo manter a taxa básica atual intacta dependerá do comportamento da inflação, sendo que o progresso contínuo em direção à meta de 2% é a condição necessária para qualquer mudança.
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Publicado por Amanda Sampaio, da CNN.