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    Eletrodomésticos acumulam inflação de quase 20% em 12 meses

    Setor é impactado pela subida do valor dos insumos, variação do dólar, juros altos e incertezas da guerra na Ucrânia

    Pauline Almeidada CNN , Rio de Janeiro

    Com o aumento dos preços e a queda na renda do brasileiro, manter uma casa está mais difícil. Os artigos de residência acumulam uma inflação de 14,9% nos últimos 12 meses, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) neste mês de março. A alta é puxada pelo aumento de quase 20% nos itens de mobiliário (19,88%) e nos eletrodomésticos (19,25%).

    O presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros), Jorge Nascimento, aponta que o setor é impactado pela subida nos custos com matéria-prima.

    “A indústria de eletroeletrônicos e eletrodomésticos vem, desde o início da pandemia, se esforçando para absorver, dentro do que nos é viável à manutenção da operacionalidade de nossas empresas, os impactos dos custos dos insumos mais importantes para nossa produção, em especial o aço e o plástico”, colocou à CNN.

    Segundo Nascimento, no entanto, outras dificuldades encontradas no cenário brasileiro levaram as empresas a repassar o reajuste aos consumidores. “Com o aumento significativo dos preços dos insumos nacionais, energia elétrica, elevada variação cambial do dólar, entre outros, desde o segundo semestre de 2021, tem sido inevitável a interferência destas despesas nos preços finais de nossos produtos”, declarou.

    A inflação se espalha por outros itens para residência, segundo o IBGE. Os artigos de casa, mesa e banho registram alta de 11,5% em 12 meses, seguidos por TV, som e informática, com 11,04%. Já quem quer reformar ou fazer consertos na casa vai encontrar os preços 10,43% mais caros. Além disso, utensílios e enfeites somam uma inflação de 7,18% no período.

    Rodolpho Tobler, economista e pesquisador da Fundação Getúlio Vargas, pontua que mais variantes atuam sobre o setor de mercadorias para casa, como a alta taxa de juros, que deve conter as vendas parceladas; e ainda o custo do frete, devido ao reajuste dos combustíveis. O resultado, segundo Tobler, pode ser uma queda nas vendas.

    “Com a renda reduzida, acaba sendo um item que as pessoas postergam a compra. Quando as pessoas estavam com o Auxílio Emergencial, a renda era um pouco maior e as pessoas estavam em casa na pandemia, várias fizeram renovação de eletrodomésticos, móveis, agora elas têm a possibilidade de adiar”, colocou Tobler.

    O economista avalia que 2022 será um ano difícil para todo o varejo diante da previsão de apenas 1% de aumento no PIB, segundo a projeção do Banco Central, o que indica uma economia sem grande geração de emprego, em uma população já endividada e com ganhos encolhendo.

    Se o cenário nacional já traz desafios, a guerra da Ucrânia impõe novas questões. “A gente já lidava com a incerteza da pandemia, que teve um repique em janeiro, agora casos em outros país, mas que parece que está melhorando. Tem a eleição [presidencial] e, agora, a questão da guerra, que ainda não sabemos o tamanho do impacto que vai gerar no Brasil”, destaca.

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