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    PIB pode cair 7% e desemprego chegar a 23,8%, diz estudo do Ibre/FGV

    Cenário considera redução de 13,5% nas horas trabalhadas. Na melhor das hipóteses, contração do PIB será 3,4%, aponta pesquisa.

    Lojas fechadas por decreto de quarentena na 25 de março, em São Paulo
    Quarentena: melhor cenário traçado pelo Ibre considera redução de 6,7% nas horas trabalhadas em 2020, em função de medidas de isolamento
    Foto: Amanda Perobelli/Reuters (24.mar.2020)

    A economia brasileira pode encolher até 7% neste ano por causa da pandemia do novo coronavírus, aponta estudo do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação da Getulio Vargas (Ibre/FGV). No melhor cenário traçado, a retração será de 3,4%.

    Os números foram estimados a partir da provável redução de horas trabalhadas em todos os setores em função das medidas de isolamento social adotas para combater o vírus. 

    “Essa é a principal força que vai puxar o PIB para baixo. É o impacto na mão de obra, no emprego”, diz Luana Miranda pesquisadora da área de economia aplicada do Ibre e uma das responsáveis pela pesquisa.

    No cenário de contração de 3,4% do PIB, a queda de horas trabalhadas projetada é de 6,7% para toda a economia – se confirmada, será a maior desde os anos 1980.

    Para chegar a esse índice, o Ibre tomou como base uma sodagem empresarial feita em março. O instituto levantou a fatia de empresas que disseram que já tinham sido ou seriam afetadas pela crise e considerou que esses negócios sofrerão uma baixa de 25% nas horas trabalhadas em 2020. 

    No pior cenário, de queda de 7% do PIB, a redução de horas trabalhadas chega a 13,5%, impactada por uma contração mais intensa no segmento de serviços. 

    A diferença se dá porque a sondagem foi feita entre 1º a 25 de março, mas as medidas restritivas só começaram a ser sentidas apenas a partir do dia 15. “Então a gente interpretou que o resultado pode estar subestimado”, diz Luana. 

    Ela explica que o índice geral de queda de horas trabalhadas é ponderado por setor porque aqueles que exigem força de trabalho intensiva e menos capital são mais impactados pela crise – caso dos serviços. 

    Emprego

    A redução de horas trabalhadas reflete diretamente no índice de desemprego. No melhor cenário desenhado pelo Ibre, a taxa de desocupação ficaria em 17,8% em 2020 e, no pior, em 23,8% – exatamente o dobro da média registrada em 2019, de 11,9%.

    Já a massa salarial cairia 5,2% no primeiro cenário e 13,8% no segundo. Sem os auxílios anunciados pelo governo, os índices piorariam para 10,3% e 19,2%, respectivamente. 

    Entram nessa conta a ajuda aos trabalhadores informais (coronavoucher), o reforço ao Bolsa Família, o programa antidesemprego que reduz jornadas e salários, a trasnferência dos recursos do PIS/Pasep para o FGTS e as antecipações do 13º dos aposentados e do calendário do abono salarial. 

    Luana lembra, porém que os números são estimativas e consideram que a população economicamente ativa ficará estável. “Essa conta tem muita incerteza, são muitas variáveis. Mas todo o exercício hoje é de hipóteses e neste momento essa é uma hipótese forte”, afirma.

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