É preciso ter a Amazônia em pé como um ativo econômico, diz governador do Pará
Em visita a Davos, Helder Barbalho falou à CNN sobre esforços para mudar a impressão internacional quanto à conservação da floresta no país
O governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), defendeu nesta quarta-feira (25) um modelo que permita o desenvolvimento do agronegócio sem a destruição do meio ambiente e de comunidades que vivem na região amazônica.
Ele falou à CNN em visita ao Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
“É fundamental que os grandes operadores financeiros globais possam compreender que a floresta em pé precisa ter um valor, ao transformá-la em uma nova commodity global”, defendeu.
Barbalho defendeu que um novo modelo de desenvolvimento seja pensado e aplicado à região, de maneira a construir um “equilíbrio climático”.
Para ele, é preciso demonstrar para investidores estrangeiros que o Brasil atua contra o desmatamento ilegal, mas também em relação a invasões de terras indígenas e o garimpo.
“Não basta apenas discutir a redução do desmatamento. Precisamos construir uma solução que envolva um novo modelo sustentável econômico, garantir emprego e renda para os brasileiros que moram em nossa região”, disse.
Embora afirme que o Pará tem atuado na fiscalização e apoio aos órgãos federais na preservação, Barbalho diz acreditar que é preciso fazer mais.
“Enquanto não colocarmos a floresta em pé através da política de crédito de carbono, transformando a floresta em pé em uma nova commodity global, continuaremos a ver o conflito entre o uso da terra sustentável e o uso predatório”, afirmou.
O governador paraense destacou ainda a cooperação estadual com a Polícia Federal no combate a invasões e atividades ilegais em terras indígenas.
“Precisamos conciliar os saberes e povos tradicionais da Amazônia e, claro, as atividades econômicas que estejam legalizadas. Não se pode passar a mensagem de que a ilegalidade terá tranquilidade por parte do Estado brasileiro”, disse.
Segundo o governador, a diferença de valor de áreas com vegetação nativa e desmatadas não é um incentivo à preservação. Um hectare de floresta em pé no Pará, de acordo com ele, tem 10% do valor de uma mesma área de lavoura ou de pecuária.
Barbalho citou ainda a redução de 14% no desmatamento em áreas do estado, em comparação com o ano anterior, como um exemplo de medidas a serem adotadas.