É como se transição resgatasse BNDES de Dilma, diz Maílson sobre possível volta de crédito subsidiado
Economista se refere à TLP, vista como bem sucedida pelo mercado por corrigir uma série de distorções criadas pela sua antecessora, a TJLP
O economista e ex-ministro da Fazenda Maílson da Nobrega fez críticas a declarações recentes feitas pela equipe de transição do governo eleito, com destaque para o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
“A minha esperança é que o Lula não leve em conta alterações que estão surgindo no gabinete de transição, inclusive declarações absolutamente sem sentido sobre o BNDES. É como se os líderes do PT que estão no gabinete de transição estivessem lidando com o BNDES da ápoca da Dilma”, disse neste domingo (11) em entrevista à CNN.
O economista se refere à TLP (Taxa de Juros de Longo Prazo), em vigor desde 2018 no banco de fomento. A taxa é vista como bem sucedida pelo mercado por corrigir uma série de distorções criadas pela sua antecessora, a TJLP, uma vez que eliminou subsídios concedidos pelo Tesouro aos empréstimos feitos pelo banco.
Em coletiva de imprensa recente, Aloízio Mercadante, cotado para assumir a presidência da instituição, fez críticas a TLP, o que levantou preocupações de agentes econômicos.
“É bom lembrar que a presidente Dilma transferiu ao BNDES 10% do PIB em recursos do Tesouro para distribuir subsídios para campeões nacionais, o que equivale hoje a aproximadamente R$ 1 trilhão. O BNDES chegou ao ponto de ser maior que o Banco Mundial, o que não faz o menor sentido”, disse Maílson.
Maílson ressalta que a TLP contribuiu para viabilizar um cenário do mercado de capitais com provedor de crédito de longo prazo para setores como indústria, serviços e agricultura. Barrar esse movimento, diz ele, seria barrar o mercado de capitais como fonte de crédito de longo prazo.
“(A eliminação da TJLP permitiu) uma verdadeira revolução no sistema de crédito no Brasil, em relação às taxas de juros de longo prazo, já que o crédito subsidiado alijava esse processo no mercado de capitais, porque o BNDES emprestava a juros abaixo do mercado, então ninguém conseguia emprestar porque não dá para fazer subsídio com dinheiro do setor privado”, explica.
“Se espera, portanto, que o Haddad consiga jogar no lixo essas ideias que estão surgindo no gabinete de transição, assessorar adequadamente o presidente eleito Lula para o entendimento de que nós temos uma crise fiscal muito séria, que vai pedir ajuste de difícil concepção”.
Veja entrevista completa no link.
*Publicado por Ligia Tuon. Produção de Ester Cassavia, sob supervisão Jorge Fernando Rodrigues