Dólar mais barato faz busca por casas de câmbio crescer 25% em 10 dias no Brasil
Corrida pela moeda norte-americana zerou estoques de algumas corretoras pelo país; levantamento é da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam)
A queda no preço do dólar movimentou as casas brasileiras de câmbio nos últimos dias, com um pico na procura.
Nesta segunda-feira (7), a moeda norte-americana era vendida a R$ 5,08 — queda acumulada de 1,4% somente na última semana. No ano, o dólar recuou quase 9%, segundo o Ibovespa.
Um levantamento da Associação Brasileira de Câmbio (Abracam), obtido pela CNN, mostra que a demanda por dólar aumentou 25% nos últimos dez dias, data de início do conflito armado no Leste Europeu.
O comparativo teve como base a mesma quantidade de dias antes do princípio da guerra na Ucrânia.
A ‘corrida’ pela moeda americana chegou a zerar estoques de algumas corretoras por todo o país. O cenário foi visto até mesmo nas grandes cidades brasileiras, como em São Paulo e no Rio de Janeiro.
No entanto, de acordo com a Abracam, a situação foi mais relevante na região Norte e Nordeste do país, como destaque para as capitais Fortaleza (CE) e Manaus (AM).
“A procura aumentou de forma muito abrupta por conta da queda cotação do dólar, levando a um breve desabastecimento em algumas localizações pontuais. No entanto, essa tendência já foi revertida e tem sido equalizada de forma diligente pelas instituições financeiras”, explicou Kelly Massaro, presidente da Abracam.
Pressionado pela valorização das commodities em âmbito global, em especial petróleo e minério de ferro, o dólar mantém tendência de desvalorização frente ao real.
A desestabilização da moeda norte-americana também acontece em função das incertezas geradas pela guerra entre Rússia e Ucrânia.
Outro motivo que beneficia a valorização do real é a alta taxa de juros no Brasil, que atrai investidores internacionais.
No entanto, a tendência de queda pode não durar por muito tempo. Isso porque o confronto e as chances de novas escaladas bélicas aumentam a busca pelo dólar e a aversão dos investidores a riscos. Dessa forma, a moeda pode voltar a registrar alta.
Em conversa com a CNN, Pierre Souza, professor de finanças da FGV, endossou a possibilidade de uma nova tendência de crescimento do dólar ao longo das próximas semanas.
“Desde dezembro, a gente já vê uma queda no preço do dólar no Brasil, principalmente por conta das altas de juros no país. No curto prazo, o movimento foi intensificado pela Ucrânia, já que os investidores podem procurar por mercados emergentes e mais afastados desse conflito na Europa”, disse.
“Existe sim essa migração de capital a curto prazo. Mas, no futuro, a tendência é mesmo que os investidores procurem mercados mais estáveis, como os Estados Unidos, migrando para a moeda mais forte que é o dólar”, concluiu Souza.