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    Em novo recorde, dólar fecha a R$ 5,52, com risco de saída de Moro do governo

    Também pesou a possibilidade do BC voltar a cortar juros; analistas já afirmam que o câmbio pode se aproximar dos R$ 6

    Do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    O dólar fechou acima de R$ 5,50 pela primeira vez na história nesta quinta-feira (23), pressionado por uma possível saída do ministro da Justiça, Sérgio Moro, do governo, e por expectativas de mais um corte na taxa Selic, atualmente a 3,75% ao ano. 

    No fim do dia, terminou cotado a R$ 5,5278 na venda, em alta de 2,19%, novo recorde histórico nominal e maior valorização percentual desde o fim de março, respectivamente. 

    O mercado reagiu negativamente por entender que uma eventual saída de Moro traria mais tensões políticas dentro do governo e pode acabar piorando a avaliação do próprio presidente. Moro está entre os ministros mais bem avaliados pela população. O noticiário vem depois da demissão do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta, então também bem avaliado pela população.

    As incertezas políticas retroalimentam temores de que o governo não consiga retomar a agenda de reformas, especialmente depois do aumento de gastos decorrentes da pandemia do coronavírus.

    Com isso, o real liderou com folga as perdas entre as principais moedas nesta sessão e tomou do rand sul-africano o nada honroso posto de divisa com pior desempenho global no ano, com queda de 27,41% (alta de 37,75% do dólar).

    Esforços do BC

    Depois que a moeda norte-americana havia atingido o patamar de R$ 5,4695, logo após a abertura, o BC anunciou para um leilão de swap tradicional de até 10 mil contratos com vencimento em agosto de 2020 e janeiro de 2021, em que vendeu o total da oferta.

    Além da operação realizada logo após a abertura, o BC ainda fez outro leilão de até 10 mil contratos de swap cambial tradicional para rolagem do vencimento 1º de junho de 2020. Nas primeiras horas da sessão, a alta chegou a desacelerar, operando ao redor de R$ 5,4340, mas voltou a ganhar fôlego após as 12h. 

    “Temos que olhar o contexto: ontem e segunda vimos o mercado mudando a percepção em relação à política monetária, e a perspectiva de queda de juros mais intensa no curto prazo pressionou a moeda (brasileira)”, disse Flavio Serrano, economista sênior do banco Haitong.

    A redução da taxa Selic a mínimas históricas afeta rendimentos atrelados aos juros básicos no Brasil, tornando o país menos interessante para investidores estrangeiros, o que tende a afetar o mercado de câmbio.

    Projeções 

    Em relatório, o banco UBS projeta, no cenário mais pessimista, que a moeda norte-americana termine 2020 cotada a R$ 5,75, e, em 2021, a R$ 7,30. Já no cenário mais otimista, o dólar fecharia este ano a R$ 4,45 e o ano que vem, em R$ 4,30. 

    “Acreditamos que o caminho final adotado pelo real dependerá crucialmente de o Brasil poder voltar e fortalecer seus esforços de reforma após o auge da atual pandemia”, disseram os economistas Tony Volpon e Fabio Ramos, do UBS, em nota.

    A DWS, gestora do Deutsche Bank, vai na mesma linha de preocupação fiscal. “Mais para o fim do ano é que vamos ter mais noção de que como ficará o fiscal. Dependendo da resposta que teremos vamos saber se haverá mais pressão (de alta) no dólar ou não”, disse Luiz Ribeiro, gerente do fundo de ações para a América Latina da DWS.

    Para ele, o valor “justo” para o real estaria atualmente mais em cerca de R$ 4,70 do que nos patamares atuais. Mas Ribeiro ponderou ser difícil saber o “timing” em que haverá uma convergência para esse nível.

    *Com informações da Reuters

     

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