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    Dólar fecha em alta mesmo após atuação do BC, diante de incertezas políticas

    Valorização da moeda norte-americana vem após semanas de depreciação intensa desde que fechou na máxima recorde nominal de R$ 5,9012, em 13 de maio

    Matheus Prado, , do CNN Brasil Business, em São Paulo*

    O dólar fechou em alta em relação ao real nesta segunda-feira (1º), após oscilar entre altas e baixas no início da sessão. Os investidores começaram o mês de olho nas relações entre Estados Unidos e China e, sobretudo, nas tensões políticas no ambiente doméstico após protestos pelo Brasil no domingo.

    O real liderava as perdas entre as moedas lobais e o Banco Central anunciou dois leilões no mercado à vista, vendendo um total de US$ 530 milhões das reservas, o que sugere saídas líquidas de recursos do mercado local. Após a intervenção, a cotação se distanciou das máximas do dia, mas seguiu em firme alta.

    O dólar terminou o dia  em alta de 0,82%, a R$ 5,3843 na venda. No pico durante as negocições, a moeda foi a R$ 5,4200, alta de 1,49%. Na mínima, atingida ainda pela manhã, desceu a R$ 5,3110, queda de 0,55%.

    As imagens de embates entre manifestantes pró e contra o presidente Jair Bolsonaro durante o fim de semana em São Paulo, com intervenção com com bombas de gás lacrimogêneo pela polícia, evidenciaram tensões políticas ainda presentes no país, em um momento em que a pandemia se agrava e indicadores econômicos apontam recessão histórica.

    “Acho que essas imagens (dos protestos) rodando o mundo, todas as notícias sobre a crise de saúde aqui… geram insegurança no investidor estrangeiro, elevando a percepção de risco”, disse à Reuters Luciano Rostagno, estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil.

    A opinião é compartilhada por Filipe Villegas, estrategista da Genial Investimentos. “Foi mais um final de semana bastante tenso”, disse em live no Youtube nesta segunda-feira. “Essa polarização política ainda vai dar pano para manga e sem sombra de dúvidas pode se refletir no preço dos ativos aqui no Brasil.”

    Além disso, o mercado tornou a piorar nesta segunda-feira as expectativas para o desempenho da economia brasileira neste ano. O país caminha para recessão em 2020, o que mina a atratividade do país como destino de investimentos em meio à perspectiva de que a taxa de juros renove mínimas históricas.

    Outras pressões

    Analistas comentam que continua o movimento de compra de dólares por bancos para desmonte de “overhedge” (proteção excessiva no mercado), que passou a ser tributado pelo governo.

    Agentes de mercado citaram ainda que o dólar vem de semanas de depreciação intensa desde que fechou na máxima recorde nominal de R$ 5,9012 em 13 de maio, o que aumenta chances de correções para cima. A moeda caiu 9,50% entre 13 de maio e o fim do mês passado.

    Fernando Bergallo, sócio da FB Capital, afirmou que o mercado aparentemente encontrou um nível de suporte para o dólar, o que também dificulta a continuidade da descompressão vista recentemente.

    “A moeda caiu a uma mínima de R$ 5,31 hoje, e a grande maioria dos bancos vê dólar em torno de R$ 5,40 no fim do ano, então a cotação perto de R$ 5,20, R$ 5,30, nesse contexto, parece barata”, explicou.

    Relação EUA x China

    Na sexta-feira, após grande ansiedade dos investidores globais, o presidente norte-americano, Donald Trump, disse que determinou a seu governo que inicie o processo para eliminar o tratamento especial concedido a Hong Kong, em resposta aos planos da China de impor uma nova legislação de segurança para o território.

    As medidas anunciadas foram recebidas com certo alívio pelos mercados, uma vez que parecem não interferir na Fase 1 do acordo comercial entre os dois países e não envolvem a imposição de novas tarifas sobre Pequim.

    No entanto, a cautela permanece, já que a China disse nesta segunda-feira que as tentativas dos Estados Unidos de prejudicar seus interesses serão enfrentadas com contrapartidas firmes.

    Segundo Jefferson Rugik, da Correparti Corretora, dados sobre a atividade da China também estiveram no radar dos operadores. Os ânimos se elevaram em meio a sinais de recuperação na segunda maior economia do mundo. A atividade industrial chinesa voltou inesperadamente a crescer em maio, uma vez que as medidas de contenção do coronavírus foram aliviadas.

    Na última sessão, na sexta-feira, o dólar fechou em baixa de 0,85%, a R$ 5,34.

    *Com Reuters

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