Dólar a R$ 4,84: saiba se é hora de comprar a moeda para viajar ou investir
Não é fácil prever a cotação do dólar, e esse fluxo que está vindo é chamado de especulativo, ou seja, assim como pode vir muito rápido, pode ir embora na mesma velocidade
O dólar fechou nesta quarta-feira (23) a R$ 4,84, a menor cotação desde 13 de março de 2020 (R$ 4,812). Esta foi a sexta queda seguida da moeda norte-americana em relação ao real.
Sempre que o dólar cai, muita gente se pergunta: vai cair mais? É hora de comprar?
Não é fácil prever a cotação do dólar, e esse fluxo que está vindo é chamado de especulativo, ou seja, assim como pode vir muito rápido, pode ir embora na mesma velocidade.
À CNN, Flávio de Oliveira, head de renda variável da Zahl Investiment, disse que já recomenda aos clientes que comprem dólar e que ele mesmo já está comprando a moeda desde que bateu os R$ 5.
“Não se surpreenderia se o dólar fosse para R$ 4,80, devido ao fluxo muito forte de dinheiro que está vindo de fora”, avalia.
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil pode ter oportunidade de se inserir na cadeia global de valor de forma mais intensa, devido ao cenário de guerra no Leste Europeu, por conta dos choques derivados do conflito, como a alta nos preços de minerais e de alimentos.
“Há muito dinheiro estrangeiro vindo pro Brasil de olho nos juros”, destaca Fernando Nakagawa, diretor do CNN Brasil Business.
Para quem tem compromissos em dólar, como uma viagem marcada para o exterior, por exemplo, pode ser uma boa oportunidade de tentar aproveitar esse preço.
Já Raphael Vieira, sócio e head de renda fixa da Arton Advisors, vê espaço para cotação ainda mais baixa.
“Esperamos que o real continue nessa tendência ao longo dos próximos meses. O câmbio tem espaço para atingir patamares de R$ 4,50, entretanto temos um horizonte com bastante volatilidade tanto no cenário local como no externo com o Fed [o Banco Central dos Estados Unidos] elevando juros após um período de mais de uma década de estímulos monetários. Tendo isso em vista o investidor deve ter cautela.”
Andre Perfeito, da Necton Investimentos, aponta dois motivos para este movimento de valorização do real, “mas que se conectam de maneira íntima.”
Primeiro, os juros em alta no país. O Brasil tem o segundo maior juro real do mundo, perdendo apenas para a Rússia. Segundo, a valorização das commodities. Um exemplo disso seria a alta do petróleo nesta quarta. O Brent, referência no mercado, subiu 5,30%, fechando a US$ 121,60.
“Neste contexto o real tende a continuar se apreciando e a não ser que se tenha alguma reversão nestes vetores podemos ver ainda mais quedas no dólar. Apesar das tendências de curto e médio prazos do real continuar mais forte mantemos a projeção de R$ 5 ao final do ano e por dois motivos, a saber, elevação dos juros nos EUA ao longo de 2022 e o pleito eleitoral no segundo semestre’, aponta Perfeito. O minério de ferro é outra commodity que tem se valorizado e beneficia o Brasil.
*Com informações de Ligia Tuon