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    Dívida pública federal cresce 3,09% em dezembro e encerra 2023 em R$ 6,520 tri, diz Tesouro

    Resultado ficou no intervalo estabelecido como meta no PAF

    Em dezembro sobre novembro, a dívida interna subiu 3,19%
    Em dezembro sobre novembro, a dívida interna subiu 3,19% Javier Ghersi/Getty Images

    Reuters

    A dívida pública federal subiu 3,09% em dezembro ante novembro, fechando 2023 em R$ 6,520 trilhões, informou o Tesouro Nacional nesta terça-feira (30).

    Com o resultado, o estoque ficou dentro do intervalo de R$ 6,4 trilhões a R$ 6,8 trilhões estabelecido como meta no Plano Anual de Financiamento (PAF) do Tesouro para 2023.

    No ano, o aumento foi de 9,6% em relação ao ano anterior, informou o Tesouro Nacional, prevendo que ao final de 2024 o estoque poderá subir a até R$ 7,4 trilhões.

    Em valores absolutos, o crescimento no ano passado foi de R$ 568,9 bilhões, impulsionado pela alta de 3,09% registrada em dezembro.

    No fechamento do ano, a reserva de liquidez — colchão de segurança para gestão da dívida pública — ficou em R$ 982 bilhões, abaixo do patamar de R$ 1,176 trilhão de 2022. O valor é suficiente para bancar 7,6 meses de vencimentos à frente, patamar considerado confortável pelo Tesouro.

    “A gente conseguiu entregar no final do ano todos os indicadores dentro da banda estabelecida pelo Tesouro, mantendo o colchão de liquidez, é inegável que o reconhecimento técnico tem que ser feito à gestão”, disse o secretário do Tesouro, Rogério Ceron, em entrevista à imprensa.

    Em relação ao custo médio do estoque da dívida, o nível subiu para 10,51% ao ano, ante 10,21% no encerramento do ano anterior. O custo médio das emissões da dívida interna, por sua vez, recuou para 11,62%, ante 12,08% em dezembro de 2022.

    O prazo médio da dívida subiu de 3,90 anos em 2022 para 3,95 anos no fim de 2023. O dado ficou dentro do intervalo de 3,8 anos a 4,2 anos definido no PAF.

    No fechamento do ano passado, o volume de títulos a vencer em 12 meses cumpriu o que havia sido estabelecido como meta pelo Tesouro no PAF. O patamar ficou em 20,14%, dentro da meta de 19% a 23%.

    Com relação à composição da dívida pública, a participação dos papéis prefixados caiu a 26,5% do total no ano, frente a 27,0% em dezembro de 2022. O patamar ficou dentro da meta de 23% a 27% para o ano. Os títulos atrelados à Selic, por sua vez, passaram de 38,3% no final de 2022 para 39,7%, dentro da meta de 38% a 42%.

    Os papeis indexados à inflação fecharam 2023 em 29,8% da dívida, abaixo do patamar de 30,3% registrado um ano antes, sendo que a referência para o ano era de 29% a 33%. Já os títulos remunerados pelo câmbio tiveram participação de 4,1% da dívida total, ante 4,5% em dezembro de 2022, também dentro da faixa de 3% a 7% fixada como meta.

    A participação de não residentes na dívida pública interna subiu ligeiramente de 9,36% para 9,48% no fim de 2023.

    De acordo com Ceron, o Tesouro terá em 2024 a possibilidade de estar mais pressente no mercado externo, já que além de suas emissões tradicionais de títulos no mercado internacional, o governo brasileiro lançou títulos sustentáveis no ano passado e pretende manter a estratégia de usar essas captações para balizar emissões do setor privado.

    Plano de financiamento

    Para 2024, a meta do Tesouro é que a dívida pública federal feche este ano no intervalo de R$ 7,0 trilhões a R$ 7,4 trilhões, bem acima dos R$ 6,520 trilhões do encerramento do ano passado.

    Na entrevista, Ceron destacou que há expectativa de incremento dos títulos atrelados à Selic no portfólio do Tesouro neste ano como forma de alongar o prazo médio de vencimento da dívida pública.

    A meta é que a parcela da dívida vencendo em 12 meses fique no intervalo de 17% a 21% em 2024, depois de ter fechado o ano passado em 20,1%. Já a meta para o prazo médio da dívida passará para a faixa entre 3,8 anos e 4,2 anos, depois de a proporção fechar 2023 em 4,0 anos.

    A participação dos papéis prefixados, que fechou o ano passado em 26,5%, deverá ficar no intervalo entre 24% e 28%. Os papeis vinculados a índices de preços ficarão entre 27% e 31% de participação (29,8% em 2023), enquanto os títulos vinculados a câmbio ficarão entre 3% e 7% (4,1% em 2023).

    Já os papéis atrelados à Selic subirão para patamar entre 40% e 44% neste ano, após encerrar 2023 em 39,7% — distante da meta de longo prazo de 23% de participação desses títulos na carteira do Tesouro em 2035.

    Em relatório, a pasta destacou que o alcance da meta de longo prazo dependerá de “condições macrofiscais que viabilizem uma agenda de crescimento econômico e de sustentabilidade da dívida”.

    “Nós estamos em um ano de consolidação do prazo médio e do percentual de títulos vencendo em 12 meses (…) Neste curto prazo é mais interessante fazer isso com os títulos flutuantes (atrelados à Selic), que têm um prazo médio bem superior ao título prefixado”, disse o subsecretário da Dívida Pública da pasta, Otávio Ladeira.

    Para Ladeira, no longo prazo, à medida em que o governo for melhorando a estrutura da dívida pública, com mais aplicações de estrangeiros e retorno do Brasil ao grau de investimento, o governo pretende aumentar a participação de títulos prefixados.

    Segundo os técnicos da pasta, com as emissões de títulos sustentáveis, é natural que também seja ampliada a participação de papéis atrelados ao câmbio.