Disney anuncia investimento de US$ 60 bilhões em seus parques para os próximos 10 anos
Empresa disse que está focada em “expandir e aprimorar” seus parques temáticos, nos EUA e internacionalmente, juntamente com suas empresas de cruzeiros
A Disney está expandindo fortemente seu investimento em parques temáticos e cruzeiros, disse a empresa na terça-feira (19).
Nos próximos 10 anos, investirá US$ 60 bilhões em seu segmento de Parques, Experiências e Produtos da Disney, de acordo com um documento da SEC (o qeuivalente à CVM no Brasil) que coincidiu com a cúpula de investidores que acontece esta semana. Isso é cerca de duas vezes o que gastou no período mais recente de 10 anos.
O investimento ocorre em um momento em que a empresa enfrenta desafios de receitas nos seus serviços de streaming e ativos de cinema e televisão – em quase todos os lugares, exceto nos seus parques temáticos internacionais.
Os parques são um importante motor de crescimento para a empresa, que afirma que a expansão deve ajudá-la a alcançar uma infinidade de fãs da Disney que ainda não são visitantes.
Mas a concorrência é acirrada e os fãs podem estar cada vez mais impacientes com o que consideram a estratégia decepcionantemente lenta da Disney para os parques.
O Universal Epic Universe da NBCUniversal está programado para abrir em Orlando, Flórida, em 2025. O parque temático, que foi anunciado em 2019, deve incluir restaurantes, hotéis e, claro, passeios. Será o terceiro parque temático do Universal Orlando Resort, aumentando sua rivalidade com os quatro parques temáticos do Walt Disney World.
Com o tão aguardado parque em construção, o vago plano de 10 anos da Disney parece desanimador, observou Alicia Stella, que dirige o blog de parques temáticos Orlando Park Stop.
“Especialmente aqui em Orlando, acho que muitos fãs de parques temáticos estão entusiasmados com o novo parque da Universal”, disse ela. Com a Disney, os fãs estão se perguntando: “quando veremos algo novo? Serão cinco anos, seis anos a partir de agora?”
O anúncio também não impressionou Wall Street. A Disney caiu cerca de 3% durante o horário comercial de terça-feira.
Problemas em casa
A Disney disse na terça-feira que está focada em “expandir e aprimorar” seus parques temáticos, nos EUA e internacionalmente, juntamente com suas empresas de cruzeiros.
A empresa tem “mais de 4 quilômetros quadrados [1.000 acres] de terra para possível desenvolvimento futuro para expandir o espaço do parque temático em seus locais existentes”, de acordo com uma postagem no blog da companhia, que não deu mais detalhes.
Mesmo onde o espaço é limitado no seu resort original em Anaheim, Califórnia, a Disney lançou um projeto plurianual chamado “Disneyland Forward”, na tentativa de construir mais atrações, restaurantes e lojas na área existente. Embora seja elaborado um relatório de impacto ambiental, não são definidos planos específicos.
A Disney depende de seu formidável tesouro de propriedade intelectual para gerar interesse em seus parques – e usa os parques para fazer com que as pessoas invistam mais nessas propriedades.
Além de seus personagens estabelecidos e marcas poderosas como Vingadores e Star Wars, a empresa pode lançar filmes e personagens subutilizados no futuro.
“Frozen, uma das franquias de animação mais populares e bem-sucedidas de todos os tempos, poderia estar presente no Disneyland Resort”, observou Josh D’Amaro, presidente de Parques, Experiências e Produtos da Disney.
“Wakanda ainda não ganhou vida. O mundo de Coco está apenas esperando para ser explorado. Há muitas oportunidades para contar histórias.”
Os cruzeiros, por sua vez, são “embaixadores poderosos da marca”, com alcance global, afirmou o blog. A Disney já havia anunciado uma expansão de sua frota de navios de cruzeiro.
Os parques têm sido um bom negócio para a Disney, que está trabalhando para conter perdas, especialmente em seu negócio de streaming. A divisão de parques continua gerando fortes lucros e fluxo de caixa livre, disse o CFO interino Kevin Lansberry durante a teleconferência de resultados do terceiro trimestre da empresa em agosto.
O CEO Bob Iger disse, durante a mesma teleconferência, que os parques na Ásia estão indo “excepcionalmente bem”, mas que “vimos um desempenho mais fraco no Walt Disney World em relação ao ano anterior, resultado de nossa comemoração de 50 anos de grande sucesso”.
Iger acrescentou que “espera-se que o dólar forte continue reprimindo as visitas internacionais” à Flórida, onde o resort está localizado. A Disney também está em um conflito legal contínuo com o governador da Flórida, Ron DeSantis.
Preços mais altos também podem ser um desestímulo para os visitantes. A Disney World aumentou alguns preços de ingressos duas vezes no ano passado.
“A Disney tem a reputação de ser um local de férias muito caro nos últimos anos”, disse Stella, observando que os moradores locais “estão um pouco chateados com as taxas extras”.