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    Diesel mais barato: entenda a 1ª decisão da Petrobras sob a gestão Lula

    Combustível terá redução de 40 centavos no litro a partir desta quarta-feira (8)

    Pedro Duranda CNN , no Rio de Janeiro

    A Petrobras decidiu nesta terça-feira (7) reduzir em 40 centavos o preço do litro do óleo diesel para as distribuidoras. Essa foi a primeira decisão sobre preços tomada com a participação do novo presidente da petrolífera, o ex-senador o PT-RN, Jean Paul Prates.

    O processo decisório e as justificativas, no entanto, se assemelham ao discurso já adotado pela Petrobras desde 2016, quando foi instituída a paridade de importação nos valores dobrados pela companhia. Mas há algo além da regra.

    No comunicado, a estatal afirma que a decisão de baixar o diesel teve “como principal balizador a busca pelo equilíbrio dos preços da Petrobras aos mercados nacional e internacional, contemplando as principais alternativas de suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária para a otimização dos ativos”.

    Por trás disso há dois fatores, um de ordem política e econômica e outro sazonal. O primeiro é a redução, nos últimos dias, do preço do barril do petróleo, que havia subido no final do ano passado.

    As altas foram motivadas por um risco de problemas com o suprimento global de petróleo por causa ainda da guerra da Ucrânia. A crise prevista não se concretizou e o cenário de alta arrefeceu.

    Há ainda o aspecto relacionado ao clima. É que os grandes consumidores de combustível estão localizados no hemisfério norte, que compreende o continente europeu e os Estados Unidos.

    Quando o inverno chega nesses locais, o consumo de diesel dispara. O combustível é usado para aquecer casas, escolas e empresas. Conforme a estação vai avançando, a demanda vai caindo e o preço acaba diminuindo. É o que está acontecendo agora, a cerca de 40 dias do fim da estação.

    O processo é inverso ao da gasolina, que tem consumo disparado no verão do hemisfério norte, com uma maior utilização de automóveis para longos deslocamentos, o ‘driving season’ americano, ou ‘estação do volante’.

    A redução que passa a valer nesta quarta-feira (8), pode no entanto, ser revista em breve. Para além dos fatores externos, há gatilhos internos de mudança no preço.

    O principal deles é a demanda. Há épocas do ano em que os caminhões são mais demandados para transporte de grãos e cargas. No primeiro trimestre o pico é no mês de maio, com a safrinha de grãos como a soja, cultivamos livremente no verão.

    A curva de demanda começa a subir já no mês de março, o que pode provocar uma corrida maior aos postos de combustíveis e pressionar o mercado interno, forçando uma alta no preço.

    A expectativa da gestão do PT no país e na Petrobras era mexer na política de precificação dos combustíveis antes de um novo sobressalto nos mercados nacional e internacional. Mas não vai dar tempo.

    Embora Prates já tenha assumido a companhia, a previsão do novo presidente é empossar conselheiros e diretores só em abril. Até lá é muito difícil uma mudança estruturante na política de preços da Petrobras – que hoje se baseia na paridade de importação.

    Não vai dar tempo também de frear um aumento previsto no valor do litro da gasolina, cuja isenção dos impostos federais (Pis/Pasep e Cofins) termina no final de fevereiro.

    Como a Petrobras define preços

    A política de preços da Petrobras estabelece que os valores cobrados das distribuidoras pelas refinarias precisa estar alinhado ao mercado. Se cobrar muito barato, a Petrobras inviabiliza a importação e, consequentemente, não consegue deixar o mercado interno abastecido, porque não é autossuficiente no refino, ou seja, não supre toda necessidade de combustíveis no país.

    Mas se cobrar caro demais, a Petrobras perde mercado para as importadoras, diminui seu market share, e acaba tendo prejuízo.

    Para calibrar isso, a petrolífera produz reports diários de mercado, que são subsídios para as decisões de aumento ou redução.

    São levados em consideração nesses documentos quatro fatores principais: a situação econômica global, o preço do petróleo, o câmbio do real com o dólar e a demanda interna.

    É justamente por isso que o Brasil assistiu um verdadeiro sobe-e-desce de preços nos últimos meses: a economia global deixou o câmbio muito volátil e a guerra deixou o preço do petróleo instável.

    A CNN apurou que analistas internacionais ouvidos pelos tomadores de decisão dos preços da estatal colocam na perspectiva de futuro um outro fator determinante para a precificação dos combustíveis: a China.

    A avaliação deles é de que a economia chinesa está ‘hibernando’, muito por conta dos impactos da Covid-19. Mas isso deve mudar. Na conta deles, o cenário alteraria entre 3 e 6 meses, olhando para frente.

    Com a China em sua plena potência, o petróleo deve ser muito mais requisitado, aumentando a demanda e forçando, consequentemente, um aumento de preços.

    A tomada de decisão de mudanças de preço na Petrobras tem três atores principais: o diretor de Comercialização e Logística, o diretor Financeiro e o presidente da companhia.

    Essa tríade é que bate o martelo sobre aumentar ou diminuir valores cobrados pelos derivados de petróleo (gasolina, diesel, querosene, asfalto, gás natural, etc). A decisão pode vir de uma sequência de reuniões ou, simplesmente, por uma troca de e-mails.

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