Desemprego fica estável no 1º trimestre em 11,1% e atinge 12 milhões de pessoas
Mercado esperava que a taxa ficasse em 11,4%; há um ano, o nível de pessoas desocupadas atingia pico de 14,9% e vinha caindo desde então
A taxa de desemprego no Brasil ficou em 11,1% no primeiro trimestre do ano, informou o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (29), na Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua). O número mostra estabilidade em relação ao período imediatamente anterior.
O mercado esperava que a taxa ficasse em 11,4%.
No primeiro trimestre do ano passado, a taxa de desemprego havia chegado no pico de 14,9% e vinha caindo desde então. A taxa divulgada nesta manhã é a menor para um trimestre encerrado em março desde 2016, quando também foi de 11,1%.
O IBGE também registrou estabilidade no número de desempregados, que chega a 11,9 milhões de pessoas. Já a população ocupada, estimada em 95,3 milhões, caiu 0,5% na mesma comparação, o que significa 472 mil pessoas a menos no mercado de trabalho.
A estabilidade registrada nos três primeiros meses de 2022 não é um cenário comum para esta época do ano, quando, normalmente, aumenta o número de pessoas procurando uma oportunidade de trabalho, segundo a coordenadora de trabalho e rendimento do IBGE, Adriana Beringuy.
“Se olharmos a desocupação em retrospecto, pela série histórica da pesquisa, podemos notar que, no primeiro trimestre, essa população costuma aumentar devido aos desligamentos que há no início ano. O trimestre encerrado em março se diferiu desses padrões”, diz.
O rendimento, que vinha apresentando piora, subiu 1,5% sobre o trimestre encerrado em dezembro, o que, segundo o IBGE, é um dado importante, dado que o número vinha caindo desde o segundo trimestre do ano passado.
De modo geral, o que explica isso é que a participação dos trabalhadores formais aumentou, então o rendimento médio da população ocupada cresceu, segundo o instituto.
Ainda assim, quando comparado com o rendimento de março do ano passado, o número apresenta queda de cerca de 9%.
Os empregos com carteira assinada cresceram 1,1% quarto trimestre seguido de alta, mas num ritmo menor em relação aos trimestres de 2021.
O grupo de trabalhadores por conta própria, que são autônomos, caiu 2,5% e, com isso, a taxa de informalidade chegou a ter um recuo, de 40,7% no último trimestre para 40,1% agora.
Apesar da queda na informalidade, a expectativa é que os níveis continuem altos, por conta da estrutura do mercado de trabalho brasileiro. “Desde 2015, a dinâmica do mercado de trabalho brasileiro tem sido dominada pelo mercado informal, então uma vez que a economia volte à normalidade e parte dos postos perdidos sejam recuperados, a dinâmica deve voltar a ser ditada pelo mercado informal”, disse em entrevista à CNN Fernando de Hollanda Barbosa Filho, professor e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre).
O economista ressalta que o país deve terminar este ano ainda com a taxa de desemprego acima dos dois dígitos, já que a expectativa de crescimento da economia não é vigorosa. “É crescimento que gera emprego”, diz.
“A gente deve continuar observando uma queda no rendimento real. Ou seja, o trabalhador vai conseguir emprego neste ano mais que no ano passado, mas com salário mais baixo”, diz.