Prime Time

seg - sex

Apresentação

Ao vivo

A seguir

    Demora na alta de juros explica inflação dos EUA mais alta que brasileira, dizem economistas

    Índice de preços da economia americana aparece em quinto lugar, atrás de México, Alemanha, Rússia e Turquia; Brasil vem em sétimo, com 7,1% de inflação acumulada no período

    Diego Mendesdo CNN Brasil Business , São Paulo

    Com inflação de 8,2% em setembro, no acumulado em 12 meses, os Estados Unidos superaram o Brasil no ranking de grandes economias compilado pela Austing Ratings. O índice de preços da economia americana aparece em quinto lugar, atrás de México, Alemanha, Rússia e Turquia. O Brasil vem em sétimo, com 7,1% de inflação acumulada no período.

    “A inflação é um fenômeno global, todos os países estão sofrendo com os índices de preço. O Brasil está conseguindo conter a inflação porque, além das medidas do governo federal, a política de juros começou a subir a Selic bem mais cedo e a alta foi rápida”, explica o Gabriel de Barros, economista-chefe da Ryo Asset.

    Não é a primeira vez que a inflação americana supera a brasileira em 12 meses, o que também foi visto em junho de 2006, quando os EUA bateram 4,32% e o Brasil, 4,03%, lembra Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter.

    O Banco Central brasileiro começou a subir a Selic, taxa básica de juros, em março de 2021, quando estava em 2%, e encerrou o ciclo recentemente, com a taxa em 13,75%. Nos EUA, esse movimento começou mais tarde. A autoridade monetária vem elevando a taxa básica de juros da economia norte-americana desde março, quando os juros estavam perto de zero, para a faixa atual de 3% a 3,25%.

    / CNN Brasil

    “A leitura que eu faço é que o Brasil comprou tempo e hoje já está colhendo frutos”, diz Barros.

    Apesar da comparação, as características das duas economias têm diferenças bastante consideráveis. A principal delas é no mercado de trabalho: enquanto os americanos vivem um cenário de pleno emprego, o Brasil ainda tem mais de 13 milhões de desempregados, com a taxa em 8,9% no trimestre encerrado em agosto, última leitura divulgada pelo IBGE.

    “Não dá para falar que estamos melhores do que os Estados Unidos porque o desemprego aqui no Brasil ainda está muito alto”, explica Alexandre Jorge Chaia, professor do Insper.

    Tanto no Brasil como nos EUA, o principal ponto de alívio dos preços em setembro foram energia e combustíveis. Os preços no setor, que vêm sendo pressionados desde o início do conflito no Leste Europeu, arrefeceu no Brasil por conta do corte do ICMS anunciado pelo governo para conter a inflação, além de sucessivos cortes anunciados pela Petrobras.

    Serviços pressionam preços nos EUA

    Gabriel de Barros, economista-chefe da Ryo Asset, mostra que a surpresa para a inflação dos Estados Unidos foi em serviços. Ele explica que a reabertura da economia americana impulsionou os preços deste grupo, uma vez que havia uma demanda reprimida, ou seja, o consumidor voltou a gastar.

    Ele destaca também os itens de componentes de energia tiveram um papel importante no CPI dos EUA, pois mesmo registrando uma queda considerável, de 2,1% em setembro, foi bem menor que em anos anteriores.

    “O CPI nos EUA ficou acima da expectativa e mostrou uma inflação mais persistente, confirmando a preocupação do Fed, ressaltada na ata do Fomc divulgada essa semana”, diz Rafaela Vitória, do Inter.

    “A alta nos preços dos serviços tem sido a maior causa da inflação mais persistente e em setembro foi puxada por aluguéis e saúde, mas a difusão continua elevada, acima de 70%, indicando ainda uma inflação bem disseminada”, diz.

     

     

    Tópicos