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    Decisão da Petrobras pode gerar escalada no preço do diesel, afirma Abicom

    Defasagem do combustível ainda é de 22 centavos por litro em relação ao preço internacional

    Pedro Duranda CNN , no Rio de Janeiro

    A decisão da Petrobras de continuar negando pedidos de venda de combustíveis para distribuidoras deve afetar diretamente o preço do diesel, justamente por conta da diferença entre o valor praticado no mercado brasileiro e fora do país. A previsão é da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis, a Abicom.

    A entidade projeta que o valor pago pela gasolina nos postos também pode ser impactada, mas no caso do diesel, a diferença entre o produto vendido pela Petrobras e o importado é maior, fazendo com que a consequência seja mais sentida nos postos pelo país.

    “A defasagem no diesel ainda é grande, em média, 22 centavos por litro, e, devido ao fato da Petrobras não acatar 100% dos pedidos feitos pelas distribuidoras, haverá a necessidade de as distribuidoras comprarem produto importado com preço mais alto do que o comprado da Petrobras, tendo como consequência o aumento dos preços nas bombas”, afirma o presidente da Abicom, Sérgio Araujo.

    Na prática, a decisão já era esperada por distribuidoras porque repete o mesmo movimento do mês de novembro. A CNN questionou a companhia sobre os impactos no preço do diesel – e as alternativas para mitigar o preço mais alto – mas ainda não teve retorno. Sobre a decisão de não atender a todos os pedidos de distribuidoras, a Petrobras afirma em nota que “assim como no mês de novembro, os pedidos de diesel encaminhados pelas distribuidoras para o mês de dezembro foram atípicos e superiores ao mercado esperado para este período. Após avaliação de disponibilidade, considerando nossa capacidade de produção e oferta, o volume aceito foi inferior aos pedidos recebidos”.

    Eles próprios sugerem que “há dezenas de empresas cadastradas na ANP aptas para importação de combustíveis e que possuem condições de atender essa demanda adicional”, apontando o caminho que deve encarecer o diesel na bomba. Entretanto, afirmam que não há notícias de desabastecimento e que “os volumes disponíveis para cada cliente seguiram a regulação vigente definida pela ANP e foram aplicados ao diesel e à gasolina”. A nota ainda diz que as refinarias da estatal estão com “fator de utilização de aproximadamente 87%”, o que significa que estão trabalhando com 87% da capacidade máxima.

    Diesel x inflação

    O diesel é visto por economistas como um elemento significativo para o cálculo da inflação no país. É que a base logística de distribuição dos produtos brasileiros é o transporte sobre rodas e o diesel é o combustível usado pelos caminhões.

    Na análise dos especialistas ouvidos pela CNN, produtos de menor valor agregado ou mais suscetíveis aos custos de frete acabam sendo os mais impactados pelo encarecimento do combustível. É o caso de frutas, verduras, ovos e legumes, que saem de áreas rurais e chegam às grandes cidades a bordo de caminhões. É justamente por isso que eles defendem que o diesel ajuda a “espalhar” a inflação, porque embora não seja um combustível usado pela população, acaba interferindo nos preços de boa parte do varejo brasileiro.