Crescimento do PIB indica necessidade do BC subir taxas de juros, diz especialista
Crescimento econômico impulsionado por política fiscal de curto prazo pode levar a aumento nas taxas de juros, segundo Sergio Vale
O crescimento surpreendente do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro tem gerado discussões sobre seus impactos na política monetária. Segundo Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, o forte desempenho econômico pode pressionar o Banco Central a elevar as taxas de juros.
Vale explicou durante o programa WW que o crescimento do PIB tem superado as expectativas nos últimos trimestres, mas ressaltou que o atual impulso econômico é principalmente resultado de políticas fiscais de curto prazo. “O grande empuxo desse crescimento está vindo da política fiscal, que é uma política de curto prazo, de demanda que não tem a pretensão de fazer um crescimento mais forte de longo prazo de produtividade”, afirmou o especialista.
Mudança no padrão de crescimento
O economista destacou uma mudança no padrão de crescimento em comparação com períodos anteriores. Enquanto no início de 2022 o crescimento era impulsionado pelo setor de commodities, com aumento de preços, câmbio favorável e volume de produção, o cenário atual é diferente.
Vale apontou que, a partir do final de 2022, com a implementação da PEC da Transição, houve um aumento significativo nos gastos públicos, passando de 17% para 19% do PIB. Este aumento nos gastos governamentais tem sido o principal motor do crescimento econômico recente.
Consequências do crescimento atual
Apesar de o crescimento ser positivo, o economista alertou para suas consequências. “Ele não é sustentável, causa pressão inflacionária”, explicou. Esta situação coloca o Banco Central em uma posição delicada, possivelmente levando a instituição a considerar um aumento nas taxas de juros nas próximas reuniões.
O especialista concluiu que, se havia alguma dúvida sobre a necessidade de elevar os juros algumas semanas atrás, agora essa incerteza “sai totalmente do radar”. A expectativa é de que o Banco Central possa agir com mais intensidade e certeza nas próximas decisões sobre a política monetária, em resposta ao forte crescimento econômico impulsionado pelos gastos públicos.