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    Credit Suisse relata prejuízo e fala em reestruturação “radical”

    Perda foi maior que prevista por analistas consultados pela FactSet, que esperavam saldo negativo de 413 milhões de francos suíços

    André Marinho, do Estadão Conteúdo

    O Credit Suisse informou, nesta quinta-feira (27), que registrou prejuízo líquido de 4,03 bilhões de francos suíços no terceiro trimestre deste ano, revertendo lucro de 434 milhões de francos suíços em igual período de 2021.

    A perda foi maior que a prevista por analistas consultados pela FactSet, que esperavam saldo negativo de 413 milhões de francos suíços. A receita, por sua vez, caiu 30% na base anual dos três meses encerrados em setembro, a 3,8 bilhões de francos suíços. Neste caso, as projeções apontavam para 3,99 bilhões de francos suíços.

    O CEO do banco, Ulrich Körner, admitiu que os resultados foram “decepcionantes” para investidores e anunciou que uma reestruturação será feita na companhia. “Nosso novo modelo integrado será focado em Wealth Management, banco suíço, bem como gestão de ativos, e reestruturaremos radicalmente o banco de investimentos, fortaleceremos o capital e aceleraremos nossa transformação de custos”, disse.

    Crise de confiança

    O Credit Suisse enfrenta uma crescente crise de confiança após uma série de escândalos financeiros e o colapso de investimentos arriscados. Nos últimos anos, a empresa realizou várias apostas que deram errado, entre elas empréstimos de mais de US$ 30 bilhões ao fundo Archegos Capital Management, que entrou em falência. Uma investigação independente concluiu que houve falhas na gestão de riscos, levando à demissão de pelo menos nove executivos.

    Cálculos de diferentes instituições sugerem que o banco suíço precisa entre US$ 4 bilhões e US$ 9 bilhões para se capitalizar. Diante do temor de que nem a venda de ativos seja suficiente, o Credit Default Swap (CDS) da companhia chegou a superar os 300 anos no início de outubro.

    O amplo plano estratégico que incluirá a “reestruturação radical” do braço de banco de investimentos e o corte de 2,7 mil empregos ainda este ano. A instituição financeira também buscará levantar 4 bilhões de francos suíços em capital, sendo 1,5 bilhão de francos suíços do Banco Nacional Saudita.

    O programa anunciado prevê ainda a venda de uma “parcela significativa” de sua divisão de produtos securitizados aos grupos de investimentos Pimco e Apollo. A empresa pretende separar as atividades de mercados de capitais e assessoria financeira em uma nova firma independente, a CS First Boston.

    O banco suíço informou que almeja reduzir a base de custos em cerca de 2,5 bilhões de francos suíços (15% do total), a 14,5 bilhões de francos suíços, até 2025. Por meio da reestruturação, o Credit Suisse diz que mudará o foco dos negócios para as divisões de Wealth Management, banco suíço, gestão de ativos e mercados, com 80% do capital alocado a essas áreas também até 2025.

    O anúncio do novo plano veio após semanas tensas para o banco e gerou reação negativa dos investidores. As ações do Credit, que atingiram mínimas históricas nas últimas semanas, caíram até 16% nesta quinta-feira antes de reduzir as perdas. Por volta de 9h (horário de Brasília), os papéis cediam 12,9%.

    Analistas disseram que muitas questões permanecem em aberto.

    “Você sai com a sensação de que eles foram apressados ​​a divulgar (a novidade) nesta manhã com um plano profundamente incompleto”, escreveram analistas do Goldman Sachs, acrescentando que as metas “improvavelmente baixas” serão batidas.

    “Execução resoluta e nenhum outro erro serão fundamentais, e levará tempo até que os resultados comecem a aparecer”, disse Andreas Venditti, analista da Vontobel.

    *Com informações da Reuters

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