CPMF é imposto de baixa qualidade, diz diretor da IFI
O diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente disse ainda que a desoneração da folha tão ampla, como pretende Guedes, “custa muito caro"
Em entrevista à CNN nesta segunda-feira (13), o diretor-executivo da Instituição Fiscal Independente (IFI), Felipe Salto, analisou uma possível recriação da CPMF em troca da desoneração da folha de pagamento para todos os setores, como o governo está propondo. Na avaliação do especialista, não vale a pena, já que é um imposto de “qualidade muito ruim”.
“Nenhum país adota um imposto como esse. O Brasil já teve uma experiência no passado. Ele [CPMF] tem uma única vantagem que é arrecadar bastante. Mas você tirar a tributação da folha e substituir por um imposto de péssima qualidade é trocar seis por meia dúzia. Eu diria até mais: é trocar seis por algo pior”, explicou.
Salto falou ainda que a desoneração da folha tão ampla, como pretende o ministro da Economia, Paulo Guedes, “custa muito caro”.
“Não tem condições de fazer isso agora e nem há evidência empírica de que esse seria o caminho para melhorar as condições da economia e do mercado de trabalho”, acrescentou.
Perspectiva para 2021
Questionado se o governo Jair Bolsonaro será capaz de cobrir o teto de gastos no ano que vem, Salto lembrou que esse é um tipo de âncora fiscal desde o governo Michel Temer, em 2016, e que precisa “ser melhor calibrada e fundamentada”.
Salto afirmou que para o teto de gastos ter sobrevida será necessário que as reformas estruturais avancem e que ocorra um corte de despesas chamadas obrigatórias, como as do gasto de pessoal e do funcionalismo.
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“Então, o teto de gasto do ano que vem, pelas projeções da Instituição Fiscal Independente, tende a ser rompido. Aí há uma questão jurídica a respeito do acionamento dos gatilhos, que são medidas automáticas de ajuste e é preciso que se dê uma solução para isso. O que vai dar garantia de uma situação tranquila para o país quanto a essa questão fiscal é mostrar que o compromisso manifestado pelo teto de gastos vai ser mantido”, explicou.
(Edição: Bernardo Barbosa)