Consumo das famílias no PIB do 2º trimestre reforça cenário de recuperação da economia, dizem especialistas
Demanda interna tem sido um dos principais fatores para o crescimento do setor de serviços, que registrou maior alta trimestral para o segmento em um ano
O desempenho da demanda por consumo dos brasileiros no segundo trimestre indica uma recuperação da economia doméstica, destacam economistas à CNN sobre o resultado do PIB.
“O principal destaque, na minha visão, fica com o consumo das famílias”, avalia Dierson Richetti, especialista em mercado de capitais e sócio da GT Capital.
Segundo o IBGE a economia do Brasil cresceu 0,9% no segundo trimestre de 2023, enquanto o consumo das famílias também avançou 0,9% no trimestre, e 3% na base de comparação anual.
Foi a maior alta trimestral para o segmento desde o mesmo período do ano passado, quando o segmento cresceu 1,6%.
O consumo do governo cresceu 0,7% no trimestre, quarto resultado positivo seguido. Enquanto a taxa de investimentos cresceu 0,1% e rompeu com uma sequência de resultados negativos.
Tatiana Pinheiro, economista-chefe de Brasil da Galapagos Capital, concorda que o lado da demanda chama a atenção no resultado do PIB.
Isso porque os segmentos tiveram um crescimento pequeno, mas todos demonstraram um desempenho positivo. “Isso mostra que a demanda doméstica está em fase de recuperação”, avalia.
Para Richetti, o aumento no consumo das famílias se deu em virtude do aumento da Bolsa Família e do reajuste do salário mínimo – em linha com o cronograma atual do presidente -, que fez com que o consumo das famílias aumentasse.
Outros fatores que contribuíram para o desempenho positivo do segmento foram uma melhora no mercado de trabalho e os incentivos fiscais do governo, avalia Matheus Pizzani, economista da CM Capital.
A taxa de desemprego terminou o trimestre fechado em julho a 7,9%, o menor valor para o período desde 2014. “Esses elementos impulsionaram gastos em setores específicos da economia”, avalia.
Além disso, o arrefecimento inflacionário também contribuiu para o desempenho do consumo nos meses entre abril e junho. “O aumento da renda disponível via queda da inflação tradicionalmente se traduz em melhora no nível de consumo, uma vez que a propensão marginal a consumir da população é alta”, explica.
Daniel Abrahão, da iHUB Investimentos, ainda menciona que o aumento da demanda interna tem sido um dos principais fatores para o crescimento do setor de serviços. “Este setor [de consumo] tem sido um ponto focal significativo para o Produto Interno Bruto (PIB) ao longo do tempo, demonstrando seu papel crucial na economia”, avalia.