Consultoria vê ‘tempestade perfeita’ para o Brasil
Diretor para as Américas do grupo Eurásia analisa situação do Brasil com possível aprovação do Auxílio Emergencial e contrapartidas fiscais na Câmara e Senado
O cientista político e diretor para as Américas do Grupo Eurasia, Christopher Garman, disse à CNN na noite desta terça-feira (2) os motivos de o relatório da consultoria apontar que está se formando a “tempestade perfeita” no Brasil em março.
“Quisemos alertar a confluência de fatores que sugerem um ambiente político-social dramático no mês. Estamos no meio de uma piora do quadro sanitário, com vários governos implementando medidas de restrição social mais severas, em um contexto em que o auxílio emergencial não foi renovado no final do ano passado. Entramos o ano com queda de renda, aumento da pobreza e prestes a uma onda de restrições sociais”, explica.
Ele ressalta que os aumentos dos combustíveis e da conta de luz agravam o cenário para a população. “E o problema político é o tempo necessário para aprovar uma reforma fiscal. Essa PEC vai demorar pelo menos um mês olhando os prazos regimentais do Senado e da Câmara. As demandas sociais vão crescer tremendamente nas próximas semanas e o Congresso não tem capacidade de aprovar essa solução fiscal rápida”, avalia.
Apesar dos entraves, Garman acredita que o governo tem condições de aprovar o que é necessário. “A votação deve incluir os gatilhos de teto de gastos e a cláusula de calamidade pública para novas contrapartidas fiscais. O problema é que o prazo deve demorar, mas as demandas sociais estarão enormes nas próximas semanas”.
Caso o auxílio emergencial seja liberado antes das contrapartidas, o mercado ficará com dúvidas. “Se você dá o auxílio agora, por que o Congresso vai aprovar essa reforma fiscal? Esse foi o grande motivo da venda de ativos nos últimos dias. O resultado não vai ser tão desastroso, mas o intervalo vai ser dramático”, prevê.
(Publicado por Sinara Peixoto)