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    Construção tem maior nível de confiança em 7 anos, mas teme futuro, diz FGV

    Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pelo FGV-Ibre, se acomodou nos 96,4 pontos em setembro, maior nível desde fevereiro de 2014

    Ligia Tuondo CNN Brasil Business , São Paulo

    Com leve alta de 0,1 ponto em setembro ante o mês anterior, o Índice de Confiança da Construção (ICST), medido pelo FGV-Ibre, se acomodou nos 96,4 pontos, maior nível desde fevereiro de 2014. Considerando a média móvel trimestral, o indicador subiu pelo quarto mês consecutivo, em 1,3 ponto.

    Esse movimento está relacionado, em partes, à melhora na percepção de empresários em relação à atividade brasileira. Mas também reflete uma deterioração das expectativas para os próximos meses, em decorrência, sobretudo, do atual ciclo de aperto monetário e à escalada da inflação.

    Para entender os sinais opostos, vale ressaltar que o ICST é composto por dois indicadores: um que mede a percepção com o presente, e outro, em relação ao futuro.

    Enquanto o Índice de Situação Atual (ISA-CST) subiu 0,8 ponto, para 92,7 pontos, maior nível desde agosto de 2014, o Índice de Expectativas (IE-CST) recuou 0,7 ponto, para 100,2 pontos.

    “As empresas veem que a situação esta melhorando, mas estão mais preocupadas com os próximos meses, com inflação se disseminando e taxa de juros subindo, já que o setor é dependente de financiamento”, diz Ana Maria Castelo, coordenadora de projetos da construção do FGV-Ibre.

    A especialista ressalta ainda que o maior nível desde 2014 reflete mais o baixo nível de comparação que a situação atual. “Apesar das altas seguidas, o índice ainda está abaixo de 100. É acima desse patamar que consideramos um nível de confiança mais elevado. Abaixo disso, o índice expressa situação negativa. Como está agora, consideramos moderadamente pessimista”, diz Castelo.

    A especialista destaca também que, no setor de construção, aquilo que acontece agora é fruto de decisões passadas. Desta forma, a queda no otimismo hoje pode afetar a atividade no futuro.

    “O mercado imobiliário teve um bom resultado com vendas, leilões e concessões no ano passado. O ano eleitoral nos municípios também impulsionou os investimentos pelas prefeituras. Tudo isso repercute no bom resultado da atividade. Mas, agora, há aumento das incertezas”, diz.

    O setor de construção também foi beneficiado no ano passado por ter sido considerado atividade essencial, ou seja, não precisou suspender atividades como aconteceu em outros setores, ainda que tenha reduzido o ritmo. Além disso, em 2020, as empresas ainda colhiam os frutos da taxa básica da economia no menor patamar histórico, o que fez com que as taxas de financiamento também atingissem mínimas. “Isso favoreceu muito as vendas no setor”, diz Ana Castelo.

    Por fim, a especialista reforça que, por conta da pandemia, muitas pessoas ficaram mais em casa e decidiram reformar. “Com o home office, famílias resolveram melhorar o ambiente ao mesmo tempo que teve redução de despesas com outros serviços. Então houve um deslocamento de gastos para reformas”, diz.

    Ela cita ainda as parcelas de R$ 600 do auxílio emergencial que, em muitos casos, ficava acima da renda tradicional de famílias. “Isso contribuiu para melhorar a reda das famílias do Norte e Nordeste, principalmente, impulsionando reformas”.

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