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    Conheça o novo índice de inflação criado pela FGV, o IPGF

    Principal diferencial do novo índice de preços é que ele usa dados do Sistema de Contas Nacionais (SCN) para compor a sua cesta; em setembro; alta em setembro ficou menor que o IPCA

    Iasmin Paivada CNN , São Paulo

    O Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre) lançou um novo índice para medir a variação de preços no Brasil, o Índice de Preços dos Gastos Familiares (IPGF). Apesar de as divulgações já terem iniciado este ano, o IPGF deve entrar para o calendário oficial de divulgações da Fundação em 2024.

    Matheus Peçanha, economista e técnico de Pesquisa e Análise Macroeconômicada da FGV, explicou à CNN que o principal diferencial do novo índice de preços é que ele usa a estrutura de pesos do Sistema de Contas Nacionais (SCN) para compor a sua cesta.

    O SCN compila informações mensais sobre a geração, a distribuição e o uso da renda no país. “Como esses dados são mensais, acaba conseguindo traduzir, de fato, o que as famílias estão consumindo mês a mês“, afirma o economista.

    A partir disso, os pesos e atualizações mensais são determinados pelo Sistema de Contas Trimestrais do IBGE (SCT) convertidos à frequência mensal com base no Monitor do PIB, também da FGV Ibre.

    O especialista conta que, com a metodologia, o indicador consegue avaliar o que as famílias consomem enquanto estão driblando a inflação.

    Como exemplo, o especialista traz o caso do preço da gasolina, que pode aumentar em um mês, mas o consumo das famílias pode diminuir nesse mesmo período, a depender das alternativas que elas adotam, como usar etanol ou comprar passagens de ônibus. 

    “O objetivo é medir o custo de vida, não como os preços estão subindo, mas como eles impactam nas contas domésticas”, pontua Peçanha. 

    Por outro lado, o economista explica que o indicador perde capilaridade, não consegue separar o consumo por estado, nem por níveis de renda. “A cesta de consumo é muito concisa, de 52 itens, o que é menos da metade que o IPCA”, conta.  

    Para calcular o IPCA, o IBGE acompanha mensalmente uma cesta de 374 itens, tentando refletir o consumo das famílias brasileiras a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF).

    A POF é feita a cada 10 anos entrevistando famílias do Brasil inteiro e de diversos perfis de renda para chegar a um balanço o quanto elas têm e quanto consomem de cada coisa.

    IPGF x IPCA

    O IPGF registou uma deflação de 0,08% em setembro, com isso, a inflação medida pelo indicador acumula alta de 2,22% no ano e de 3,63% em 12 meses.

    Os dados foram divulgados pelo FGV Ibre na última semana, e indicam uma variação de preços mais branda que a do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país.

    No mesmo mês de setembro, o IPCA subiu 0,26% na comparação com o mês anterior. No acumulado do ano, a inflação acumulada é de 3,50% e, nos últimos 12 meses, de 5,19%.

    Matheus Peçanha pontua que o resultado é influenciado pelo chamado efeito substituição.

    “Quando, por exemplo, o consumidor substitui arroz por macarrão ou carne vermelha por carne branca, ou ainda deixa de consumir combustível e passa a usar mais o transporte público devido ao aumento de preços, os itens substituídos perdem peso na cesta de consumo das famílias e seus aumentos de preço passam a comprometer menos o custo de vida e vice-versa. No longo prazo, esse efeito acaba gerando um número menor de inflação”, explica Peçanha.

     

    Veja também: Inflação sobe 0,26% em setembro, aponta IBGE

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