Desigualdade no Brasil tem leve queda em 2019; Covid-19 deve reverter cenário
Segundo IBGE, Nordeste foi a única região que apontou piora no índice de Gini
A desigualdade no Brasil teve uma ligeira queda em 2019 na comparação com o ano anterior, antes da pandemia do novo coronavírus afetar o país provavelmente revertendo essa trajetória e levando muitos brasileiros à pobreza no país, de acordo o levantamento Rendimento de Todas as Fontes, da PNAD Contínua, que o IBGE divulgou nesta quarta-feira (6).
A queda na concentração de renda no Brasil só não foi maior por conta do Nordeste, região do país com elevados níveis e pobreza. Enquanto todas regiões obtiveram redução nos valores, o destaque negativo ficou por conta do Nordeste, que viu a desigualdade aumentar de 0,545 para 0,559.
Já o índice para o Brasil ficou em 0,543 em 2019, ante 0,545 em 2018. Pela metodologia, quanto mais perto de 1 mais desigual é um país. Por outro lado, quanto mais perto de zero é o Gini de um país, menos desigual ele é.
“A renda do trabalho ficou estável para os primeiros 50% da população e houve um aumento de 15,8% nos 1% mais ricos. Ou seja, em 2019 tem aumento na faixa superior e isso afetou a desigualdade” , disse a jornalistas a pesquisadora do IBGE Alessandra Brito. “Essa questão da renda no Nordeste tem a ver com as características do mercado de trabalho em 2019”, acrescentou.
O índice de Gini, um dos principais indicadores de medida da desigualdade de renda, varia de zero a um. Quanto mais próximo de zero, melhor é a distribuição de renda de um local e quanto mais perto de um, mais desigual é a economia.
Mercado de trabalho
Em 2019, houve uma abertura de vagas no mercado de trabalho brasileiro marcada por trabalhos informais, seja por conta própria, seja sem carteira assinada. Tradicionalmente, esse tipo de inserção no mercado se dá com salários mais baixos, além da falta de proteção social.
O Gini no Brasil teve uma trajetória de queda entre os anos de 2012 a 2015, quando o país foi governado por partidos de esquerda, mas ainda na gestão da petista Dilma Rousseff o índice passou a se deteriorar e a ter um comportamento errático.
Segundo o IBGE, entre 2012 e 2015 houve uma tendência de redução do índice sobre o rendimento domiciliar per capita de 0,540 para 0,524, que foi revertida a partir de 2016, quando o índice aumentou para 0,537, chegando ao maior valor da série em 2018 (0,545).
Já o ano de 2020 tem sido marcado por uma onda de demissões no Brasil em razão da pandemia de Covid-19. Os primeiros sinais começaram a ser mostrados pelo IBGE na pesquisa PNAD Contínua de março, quando a taxa de desemprego alcançou 12,2%.
O IBGE vai divulgar este mês uma pesquisa específica sobre os impactos da doença sobre o mercado de trabalho. “Temos milhões de postos de trabalho sendo destruídos pela pandemia e precisamos de uma resposta rápida”, afirmou a jornalistas o diretor do IBGE, Cimar Azeredo Pereira.
Em 2019, segundo o IBGE, a faixa de 1% da população brasileira mais rica tinha uma renda média 33,7 vezes maior que a metade da população mais pobre do país. Em 2018, essa razão era de 33,8 vezes. Esse indicador mostrou trajetória de redução de 2013 (31,2 vezes) até 2016 (30,5 vezes), a partir de quando voltou a crescer, alcançando 31,2 vezes em 2017.
(Com Reuters)