Compromisso com o ajuste das contas públicas está indo pelo ralo, diz economista
Ex-diretor do BC, Alexandre Schwartsman, classificou ainda como "muito grave o que está acontecendo em termos de desmanche das instituições fiscais do país"
Em meio ao momento conturbado vivido pelo Ministério da Economia, principalmente após o pedido de demissão de quatro secretários, o ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman afirmou que o compromisso do governo federal com o ajuste das contas públicas está indo pelo ralo e as demissões reforçam que o compromisso do governo com responsabilidade fiscal é uma sinalização muito ruim, “se é que algum dia existiu.”
“Quando secretários saem por discordâncias às medidas tomadas pelo Ministério, fica claro que o compromisso com o ajuste das contas públicas está indo pelo ralo. Já não era grande coisa antes, mas agora está para todo mundo ver”, afirmou o economista.
Alexandre Schwartsman classificou ainda como “muito grave o que está acontecendo em termos de desmanche das instituições fiscais do país”. “Colocamos na Constituição que deveríamos ter um limite para os gastos, e agora estamos arrumando jeitos de contornar esse limite”, disse.
O economista disse ainda que o governo está sendo uma “decepção” para aqueles que acreditaram em uma linha mias liberal de atuação. Ele não vê o mercado em um comportamento tranquilo na próxima sexta-feira (22), em referência ao impacto das demissões anunciadas após o fechamento da bolsa nesta quinta, portanto, deve se refletir no próximo pregão.
Schwartsman ainda afirmou que as medidas tomadas recentemente mostram que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) optou por lutar pela reeleição a defender o mercado.
“É uma decisão política. Minha leitura dessa história é que o presidente tinha a opção de defender o mercado ou brigar pela reeleição, e é muito claro que ele quer brigar pela reeleição. Acho que o equilíbrio encontrada vai ser esse: o presidente vai cuidar da política e o mercado vai deixar os preços desabarem, como temos visto nas últimas sessões”, afirmou o ex-diretor do Banco Central.