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    Como pandemia, guerra e inflação contribuem para processo de desglobalização

    Não há consenso se o fenômeno é temporário ou veio para ficar, mas é certo que o atual contexto geopolítico o favorece

    Do CNN Brasil Business

    Um movimento de desarticulação de alianças políticas e econômicas entre países, que coloca em xeque a ideia do “mundo sem fronteiras comerciais”. Essa é a desglobalização.

    O fenômeno aumentou ainda mais após a combinação de pandemia, guerra na Ucrânia e alta dos commodities. O que se vê agora é o protecionismo crescente de países que têm indústrias essenciais, o aumento generalizado de preços e a escassez de produtos por causa da transformação das cadeias de produção ao redor do mundo: de alimentos a semicondutores, de petróleo a telefones celulares.

    Não há consenso se o fenômeno é temporário ou veio para ficar, mas é certo que o atual contexto geopolítico o favorece. Os embargos do Ocidente à Rússia devem acelerar a nacionalização de produtos essenciais para outros países, como o gás natural aos europeus e os fertilizantes para o Brasil, por exemplo.

    A desglobalização foi um dos assuntos mais discutidos durante o Fórum Econômico Mundial deste ano, em Davos.

    Juros altos, falta de matéria-prima, carga tributária elevada, falta de qualificação da mão de obra, infraestrutura de transportes precária: atualmente, o Brasil sofre um processo de desindustrialização. Segundo o IBGE, a produção industrial brasileira ainda não alavancou este ano. Estamos produzindo menos do que antes da pandemia, -1,1% em relação a fevereiro de 2020.

    A desglobalização traz o empobrecimento coletivo. Países desiguais e menos industrializados tendem a sofrer mais estes efeitos negativos. Para o sócio da MBJ Consultores e ex-Secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o país precisa se diversificar.

    “O risco da guerra da Ucrânia é que aumente o protecionismo agrícola. Os países vão pender para a questão da segurança alimentar, mas também pode aumentar os subsídios à produção e isso pode afetar as exportações brasileiras. O Brasil precisa diversificar suas cadeias produtivas, diversificar suas exportações e diversificar seus destinos”, explica Barral.

    Na visão da especialista sênior do Centro Brasileiro de Relações Internacionais, Larissa Wachholz, as empresas brasileiras devem se preparar para criar novas cadeias de suprimentos regionais. “O Brasil tem a possibilidade, pela sua escala, de ser um receptor desses investimentos que eventualmente queiram vir mais perto dessa região do mundo”.

    Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, observa que as empresas vêm aumentando os níveis de estoque para se proteger de possíveis faltas de matérias-primas. Ela acredita que, a longo prazo, a inflação estará em patamares mais elevados. “A gente observa uma tendência de preços mais caros nos próximos 5, 10 anos. Se a gente pensar nesse processo de globalização, ele foi um processo de busca de eficiência, a gente vê grandes empresas hoje buscando outros parceiros, elas querem diversificar”.

    O CNN Soft Business vai mostrar também que as empresas de entregas de comidas estão tentando melhorar as condições de trabalho dos empregadores oferecendo soluções mais eficientes. O meio ambiente também agradece. Nossos apresentadores ainda vão mostrar o conceito de um hotel voador luxuosíssimo construído em um avião movido a energia nuclear.

    O programa vai ao ar todos os domingos, às 23h15. Você pode conferir pela TV e também pelo YouTube.

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