Como a Amazon pode continuar prosperando mesmo sem Jeff Bezos
Bezos disse na terça-feira (2) que irá assumir o cargo de presidente do conselho de administração da empresa ainda este ano
Jeff Bezos está deixando a posição de CEO da Amazon (AMZN), mas os investidores não estão muito preocupados com o futuro da empresa.
Bezos disse na terça-feira (2) que irá assumir o cargo de presidente do conselho de administração da empresa ainda este ano. Na Amazon, ele será substituído por Andy Jassy, que trabalha na companhia desde 1997 e hoje atua como chefe do negócio de nuvem da empresa, o Amazon Web Services.
É uma grande mudança. Bezos transformou a Amazon de uma livraria online lançada em sua garagem em 1994 para um gigante de US$ 1,7 trilhão (cerca de R$ 9,1 trilhões).
Mesmo assim, as ações da empresa mal se moveram nas negociações de pré-mercado, um sinal de que os investidores de Wall Street estão confiantes o suficiente na trajetória da Amazon para se preocupar com a transição da liderança. E eles têm um bom motivo para essa confiança.
A Amazon disse na terça-feira que as vendas líquidas no último trimestre alcançaram US$ 125,6 bilhões (cerca de R$ 673,9 bilhões), um aumento de 44% em relação ao mesmo período do ano anterior. Ela registrou US$ 7,2 bilhões (cerca de R$ 38,6 bilhões) de lucro, mais que o dobro do que ganhou entre outubro e dezembro de 2019.
Nem sempre tais lucros foram certos. Na verdade, a Amazon não foi lucrativa em uma base anual até 2014, quando Bezos optou por se concentrar em crescimento e em desenvolver novas partes do negócio.
A mudança ajudou a Amazon a se tornar uma empresa diversificada que, de muitas maneiras, parece preparada para o futuro. O dinheiro do braço de varejo da empresa foi investido na construção de infraestrutura em nuvem, um negócio de publicidade, uma enorme rede de logística, produtos eletrônicos de consumo e até mesmo entrega de medicamentos, preparando-a para o sucesso durante e após a pandemia.
“Bezos criou o modelo para os negócios na Internet: inovação rápida, grande escala e foco implacável no cliente”, afirmou Nicholas McQuire, vice-presidente sênior da CCS Insight, uma empresa de pesquisa.
Os observadores acreditam que Jassy, o novo CEO, seguirá esse modelo quando assumir as rédeas.
“Ele compreende perfeitamente a riqueza de ativos em todo o volante de operações da Amazon”, disse McQuire.
A experiência em nuvem de Jassy sinaliza que a divisão AWS (grande geradora de lucros para a Amazon) terá um papel central no próximo capítulo da empresa. No trimestre mais recente, a AWS aumentou as vendas em 28%, para mais de US$ 12,7 bilhões (cerca de R$ 68,1 bilhões), o que a empresa atribuiu ao “impulso significativo do cliente” após conquistar novos compromissos de empresas como JPMorgan Chase, Twitter e MGM.
“A AWS está a caminho de criar uma empresa com receita anual de US$ 50 bilhões (cerca de R$ 268,3 bilhões)”, disse o analista Patrick Moorhead, da Moor Insights and Strategy, à CNN Business. “Isso torna a AWS maior do que Salesforce.com e SAP juntas”.
A decisão de Bezos de mudar de posição deixará Mark Zuckerberg do Facebook como um dos poucos CEOs-fundadores remanescentes no comando de uma gigante da tecnologia dos Estados Unidos. Mas os analistas do Bank of America Justin Post e Michael McGovern contaram que estão animados com o fato de Bezos ainda estar envolvido como presidente do conselho, e observam que outras empresas, incluindo Apple e Microsoft, têm se saído bem sob a nova liderança.
O risco, aqui, é que, conforme a Amazon se torna maior, ela terá um alvo cada vez claro desenhado em suas costas, especialmente à medida que os reguladores antitruste do governo dos Estados Unidos intensificam sua repressão às Big Tech. A questão pode ser um dos maiores problemas à frente de Jassy.
(Texto traduzido, clique aqui para ler o original em inglês).