Com roteiros suspensos, companhias de cruzeiros devem ter prejuízo de pelo menos R$ 45 milhões
Apesar da possiblidade da remarcação da viagem, especialistas ouvidos pela CNN acreditam que futuros passageiros devem pedir reembolso
As companhias de cruzeiros devem registrar um prejuízo milionário em função da paralisação de todas as operações no Brasil até 21 de janeiro por conta de surtos de Covid-19.
Um levantamento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), feito a pedido da CNN, mostra que o setor deve ter um prejuízo de aproximadamente R$ 45 milhões no período.
O estudo, coordenado pelo economista Joelson Sampaio, leva em consideração que pelo menos 50% dos 45 mil passageiros afetados pela nova determinação vão preferir pedir o reembolso do valor da viagem.
O pesquisador também estimou que o ticket médio por pessoa foi de R$ 2 mil, segundo análise feita nos sites das próprias operadoras dos cruzeiros.
“O impacto negativo para essas companhias por conta da suspensão é significativo. Esse setor já sofreu muito durante a pandemia e, agora, tomou outro prejuízo. E o segmento de cruzeiros também é o que mais emprega. Cada navio emprega de forma direta e indireta mais de mil pessoas. Esse valor de R$ 45 milhões é bem expressivo”, destacou Joelson Sampaio.
A Associação Brasileira de Navios de Cruzeiros (CLIA) já começou uma rodada de negociação com autoridades das três esferas para deliberar sobre o retorno da temporada de cruzeiros no país.
A estimativa da CLIA é de que as três semanas de paralisação tenham afetado 15 roteiros semanais de cinco navios, três da MSC e dois da Costa.
A Costa já afirmou que eles poderão ter um voucher para viagens futuras ou o reembolso do valor pago para o passeio cancelado. Já a MSC ainda não se manifestou.
O sanitarista e professor de Saúde Pública e epidemiologia do Centro Universitário São Camilo, Sérgio Zanetta, reforça o estudo e explica que a maior parte das pessoas vai pedir reembolso por conta da impossibilidade de remarcação das viagens.
Ele cita que os surtos de Covid-19 nos cruzeiros ‘assustaram’ o público que se programou para fazer o programa turístico em janeiro.
Além disso, o pesquisador diz que muitas pessoas provavelmente só teriam aquele determinado período para viajar e que a possível remarcação do passeio para uma nova data não deve acontecer em função da rotina profissional de cada um.
“Eu acho que a taxa de pedido de reembolso deve ser muito alta e realmente recomendo isso. Eu recomendo que as pessoas aguardem uma oportunidade de melhora no cenário epidemiológico. Eu acho que não é o momento de viajar, principalmente em cruzeiros. Se confinar durante dias num local fechado. A insegurança é muito alta. Eu considero que o risco de passear em um navio atualmente é insuportável”, ressalta Sérgio Zanetta.
À CNN, o especialista disse que a decisão de suspender as viagens marítimas foi tardia e culminou na infecção de diversas pessoas. Na última semana, ele afirmou em entrevista à CNN que os cruzeiros são “armadilhas para transmissão da Covid-19”.
As cinco embarcações que operam no Brasil registraram 798 novos casos de Covid-19 em apenas 9 dias. A informação foi divulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
No cruzeiro Splendida, houve 78 infectados em uma viagem de réveillon e a embarcação atracou às pressas no Porto de Santos, no último dia 30.
No Costa Diadema, foram diagnosticados 68 casos e o navio ficou atracado em Salvador, com 4 mil pessoas em quarentena desde o último dia 30.
Outro navio da MSC, o Preziosa, que teve destino final na cidade do Rio de Janeiro, registrou 28 infecções.
Uma passageira do Preziosa, que não quis se identificar, conversou com a CNN nesta terça-feira (4) e afirmou que os momentos posteriores à confirmação dos casos de Covid-19 foram ‘um caos’ dentro da embarcação.
Perguntada, ela afirmou que não recomendaria a realização de um cruzeiro atualmente.
“Hoje eu não sei se faria um cruzeiro novamente por conta do medo da Covid-19. No momento que é oficialmente liberado, você acredita que está tudo tranquilo. Meus filhos também ficaram bem assustados. Não fazíamos ideia que seria um caos. Sem os surtos de Covid-19, eu super recomendo o passeio. Mas atualmente eu não recomendo as pessoas fazerem um cruzeiro”, enfatizou.
*Com informações de Pedro Duran, da CNN
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O navio rebocador Boka Vanguard antes de estar submerso • Reprodução/Boskalis
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O processo de submersão do navio Boka Vanguard • Reprodução/Boskalis
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O navio Boka Vanguard sendo colocado por baixo do cruzeiro Carnival Vista • Reprodução/Boskalis
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O cruzeiro Carnival Vista sendo rebocado pelo Boka Vanguard • Reprodução/Boskalis
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O cruzeiro Carnival Vista sendo rebocado pelo Boka Vanguard • Reprodução/Boskalis