Com juros de 12% e crescimento de 1%, trajetória da dívida explode, diz Campos Neto
Segundo o presidente do BC, a previsão de alta de 2,1% para o PIB de 2022 deve ser revista para baixo nas próximas semanas
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, já admite que, em um cenário no qual países emergentes têm crescimento baixo, a economia brasileira sofrerá em 2022. Nesse sentido, o chefe da autoridade monetária do país reforçou a importância das reformas que ainda podem ser feitas.
“Há uma melhora nas expectativas para dívida, mas se tivermos juro de 12% ou 13% e crescimento de 1%, a trajetória da dívida passa para explosiva. Isso só reforça que precisamos avançar nas reformas. A pergunta é quais reformas serão feitas”, disse em evento do Grupo Parlatório, nesta sexta-feira (19).
Segundo Campos Neto a previsão oficial do BC de alta de 2,1% para o Produto Interno Bruto (PIB) de 2022 deve ser revista para baixo nas próximas semanas. “Tem muito relacionado à incerteza do arcabouço fiscal, o que conseguiremos fazer ou não até o fim do mandato e o que ainda tem de reforma”, comentou.
Inflação piora
Campos Neto ainda admitiu que as expectativas de inflação do próximo ano estão “piorando de forma acelerada” a medida que se afastam da meta.
“Até mês passado, era esperado que a inflação fosse apenas passageira e caísse rapidamente, mas essa tese de inflação temporária está cada vez mais obsoleta. […] Acho que 85% da surpresa com inflação no Brasil em 12 meses é de alimento ou energia”, avaliou.
Ainda assim, ele reforçou que a avaliação do BC é de que, por enquanto, “os agentes econômicos entendem que aperto será suficiente para conter a alta”.