Com inflação e juros no radar, FMI reduz previsão para PIB global e do Brasil
Relatório prevê que economia global crescerá 2,8% em 2023, ante 2,9% na projeção anterior; Para o Brasil, expectativa é de 0,9%, frente 1,2%
O Fundo Monetário Internacional (FMI) reduziu a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) global e do Brasil, em relatório divulgado nesta terça-feira (11). Para a instituição, turbulências no setor financeiro, a invasão russa à Ucrânia e efeitos contínuos da pandemia tornam o cenário “incerto”.
O relatório do FMI aponta que a economia global deve crescer 2,8% em 2023. Na última projeção, de janeiro, a instituição previa 2,9%. Para 2024, a previsão é de 3%, ante 3,1% na estimativa anterior.
Para o Brasil, o FMI prevê crescimento de 0,9% em 2023 e 1,5% em 2024. As projeções anteriores eram de 1,2% e 1,5%, respectivamente.
O material foi divulgado pelo FMI em entrevista coletiva na manhã desta terça-feira. Conduziu a apresentação a diretora-geral da instituição, Kristalina Georgieva.
Em seu relatório, o Fundo aponta que a economia mundial vive momento de “grande incerteza”, com os efeitos cumulativos da pandemia de Covid-19 e da invasão russa à Ucrânia.
A instituição menciona a demanda reprimida, interrupções persistentes de fornecimento e altas de preços de commodities ao retratar o momento da economia.
Além disso, indica que as ações de bancos centrais sobre taxas de juros, a fim de controlar a inflação, têm levado à desaceleração da economia e contribuído para aumentar as tensões no sistema financeiro.
Crise no sistema bancário
O relatório debate ainda temores relacionados à possibilidade de uma crise bancária. O Fundo aponta que a alta das taxas de juros vêm contribuindo para a tensionar as situações de bancos mundo a fora.
Para o FMI, as instituições “se mostraram despreparados ou incapazes de se ajustar ao ritmo acelerado dos aumentos das taxas”.
“As falhas inesperadas de duas organizações especializadas nos Estados Unidos e o colapso da confiança no Credit Suisse — um banco globalmente banco significativo — agitaram os mercados financeiros, com depositantes e investidores reavaliando a segurança de suas participações e se afastando de instituições e investimentos percebidos como vulneráveis”, analisa o relatório.
PIB do Brasil
O cenário previsto pelo Fundo fica em linha com aquele calculado por analistas no Boletim Focus do Banco Central (BC), que veem um crescimento de 0,91% para este ano e 1,44% para o próximo.
Na contramão, o Banco Central aumentou no final do mês passado sua projeção de crescimento econômico em 2023 a 1,2%, contra patamar de 1,0% antes. O Ministério da Fazenda é, de longe, o mais otimista, calculando uma expansão de 1,61% para o PIB este ano.
O desempenho do Brasil estimado pelo FMI fica bem aquém daquele calculado para a América Latina e Caribe, região que segundo o relatório deve crescer 1,6% em 2023 e 2,2% em 2024.
E fica ainda mais longe das estimativas de crescimento para Mercados Emergentes e Economias em Desenvolvimento, do qual o Brasil faz parte, respectivamente de 3,9% e 4,2% para este ano e o próximo.
Com informações da Reuters.