Com dado de novembro, Brasil tem a sexta menor inflação entre países do G20
Índice brasileiro oficial de preços acumula alta de 5,90% nos últimos 12 meses, abaixo dos 6,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores
O Brasil figura entre os seis países com as menores inflações num grupo de 22 integrantes do G20, com número menor que países como França, Estados Unidos, Alemanha e Reino Unido. A lista elaborada pela Austin Rating também inclui os índices da zona do euro e da União Europeia.
O índice brasileiro oficial de preços acumula alta de 5,90% nos últimos 12 meses, abaixo dos 6,47% observados nos 12 meses imediatamente anteriores, conforme anúncio do IBGE feito nesta sexta-feira (9). No mês, o índice ficou em 0,41%, após subir 0,59% em outubro.
Esse cenário se forma em meio a recordes de inflação em países da União Europeia, que ainda lutam contra a escalada dos preços da energia e de combustíveis, afetados, sobretudo, pelo conflito entre Rússia e Ucrânia, o que vem prejudicando o fluxo de gás natural que vem do Leste Europeu.
Surpresas positivas
“O índice geral de 0,49% foi um bom resultado, considerando que a projeção na Austing de 0,56% e a expectativa média de mercado em 0,53%. O principal destaque para essa desaceleração em relação ao mês anterior foi que alimentos subiram menos do que o esperado, e também o grupo artigos de residência, no qual todos os itens apresentaram variação negativa”, diz Alex Agostini, economista-chefe na Austin Rating.
Para Rafaela Vitória, economista-chefe do Inter, a surpresa maior foi na queda da inflação de bens, “como antecipou o IPA negativo nos meses anteriores. Queda das commodities e normalização da oferta, além do impacto da política monetária, contribuem para a menor inflação”.
A economista destaca também a queda na média dos núcleos e a difusão de inflação do mês, o que indica uma menor pressão inflacionária, em geral, na economia. “Por fim, a inflação de serviços também foi baixa e, mesmo excluindo passagens aéreas, mostra que o setor também segue com desaceleração nos reajustes de preços”, diz.
Segundo Rafaela, a política monetária restritiva do Banco Central já mostra seus efeitos na desaceleração da inflação “e já poderíamos estar discutindo o início do afrouxamento monetário, que na nossa previsão anterior poderia começar no 1º trimestre de 2023”.
“A PEC da transição e a proposta de aumento de gastos significativos trouxe mais incertezas e a redução de juros pode demorar mais, caso o resultado após a aprovação seja a desancoragem das expectativas”.
O C6 destaca em nota que os bens industriais já mostram uma desaceleração acentuada. “A inflação de bens industriais desacelerou mais que o previsto em novembro (+0,11%). Esse arrefecimento foi motivado pela queda dos preços das commodities e pela normalização das cadeias globais de produção. Os índices do atacado já mostram queda nos preços desse segmento”.
Desaceleração é esperada para dezembro
Principal contribuição para a alta do IPCA em novembro, os combustíveis podem trazer a inflação para baixo no próximo mês, por conta de anúncios recentes de queda no preço feitos pela Petrobras, segundo analistas.
“Para dezembro, a gente prevê uma inflação um pouco menor do que a de novembro justamente porque, neste mês, foi anunciado redução dos preços dos combustíveis, então a gente acredita que isso possa contribuir pata o número mais baixo”, diz Agostini.
“No mês passado, a principal alta veio do preço da gasolina, que subiu 2,99%. A gasolina deve voltar a cair em dezembro, já que a Petrobras acabou de anunciar uma redução de preços”, diz o C6 em nota.
O C6 prevê que o IPCA termine o ano de 2022 em 5,6%, agora com leve viés de baixa. “Para 2023, nossa previsão é que a inflação continue elevada, chegando a 5,9%”.