Com alto custo de produção, exportadores brasileiros registram menor lucro em 2022
Na prática, queda na rentabilidade do segmento diminui criação de empregos no Brasil, segundo Funcex
A rentabilidade média do exportador brasileiro caiu aproximadamente 6% no primeiro bimestre de 2022, quando comparado com o mesmo período no ano passado. A menor lucratividade do segmento ao longo dos primeiros meses do ano foi divulgada, nesta terça-feira (19), pela Fundação Centro de Estudos do Comércio Exterior (Funcex).
O menor lucro dos exportadores tem relação com a queda no preço do dólar, que caiu 13% nos primeiros meses do ano, já que a maior parte dos contratos são negociados em moeda americana. Outro fator que também prejudicou o setor, segundo o levantamento, foi a alta nos custos de produção no Brasil, impactado pela alta inflação e escalada na taxa de juros no país.
Na prática, a economista da Funcex, Daiane Santos, explica que a despesa para os exportadores aumentou 21,6% nos primeiros dois meses de 2022, quando comparado com o mesmo período no ano anterior.
De acordo com ela, esse fator está atrelado ao aumento da matéria-prima, ao custo do salário dos funcionários e serviços em geral necessários para o processo produtivo. Ela aponta que os setores mais afetados foram o da Metalurgia, Produtos químicos e Derivados de petróleo.
Daiane Santos relaciona também a queda na rentabilidade dos exportadores brasileiros com a piora no cenário econômico do país. Segundo ela, o menor lucro do segmento impactará diretamente na criação de empregos no Brasil.
“Quando você tem uma queda na rentabilidade de um setor como o exportador, você impacta toda a cadeia econômica no Brasil. Na prática, você vê queda no Produto Interno Bruto (PIB) e menor número de empregos criados, já que as empresas contratam menos quando lucram menos”, ressalta a economista da Funcex.
Para a pesquisadora, a rentabilidade do exportador deve seguir em tendência de queda para o restante do ano, levando em consideração que os custos de produção no país estão em ritmo mais acelerado que os preços médios dos embarques em 2022.
Ela também explica que o aumento nos custos de produção é um dos impactos dos gargalos na cadeia mundial de suprimentos causados pela pandemia de Covid-19 e pela guerra na Ucrânia.
“Os exportadores não terão um cenário tão positivo ao longo dos meses de 2022, como tiveram nos últimos dois anos. O custo da matéria-prima, o custo do salário e serviços estão muito elevados. As matérias-primas são fundamentais para o exportador e a guerra na Europa prejudica muito também. A oferta dos produtos está menor, enquanto a demanda continua a mesma. Isso tudo sufoca os exportadores e diminuindo a rentabilidade”, finalizou Daiane Santos.