CNI revisa de 0,9% para 1,4% previsão de alta do PIB em 2022
Entidade remete mudança à melhoria no mercado de trabalho e aquecimento do setor de serviços; em divulgação anterior, feita em abril, CNI havia revisado número de 1,2%, em dezembro, para 0,9%
A Confederação Nacional da Indústria (CNI) revisou de 0,9% para 1,4% sua estimativa de alta do Produto Interno Bruto (PIB) em 2022. A mudança, conforme justificou a entidade nesta sexta-feira (8), se deve à melhora no mercado de trabalho e ao aquecimento do setor de serviços no primeiro semestre.
Na divulgação anterior, feita em abril, a entidade havia revisado o número de 1,2%, de dezembro, para 0,9%, por conta dos efeitos com a guerra na Ucrânia e do agravamento da pandemia de Covid-19 na China, que pressionaram preços e adiaram as expectativas de normalização das cadeias globais de produção.
“A recuperação do mercado de trabalho segue firme, com o emprego em elevação desde 2020, totalizando 97,5 milhões de pessoas ocupadas, maior ocupação desde o início da série, em 2012. O rendimento médio real também vem crescendo, a despeito da inflação elevada”, disse a CNI em nota.
A entidade também revisou a expectativa de taxa de desemprego média no ano, de 12,9% para 10,8%, e o crescimento da massa salarial real, de 1,4% para 1,6%.
A taxa de desemprego vem caindo desde o ano passado e chegou em 9,8% no trimestre encerrado em maio, após chegar a 14,8% no trimestre até abril de 2021.
A CNI ainda cita alguns efeitos transitórios positivos nos primeiros meses do ano, com o adiantamento do 13º salário para aposentados e pensionistas do INSS, a liberação de saques do FGTS, a retomada do pagamento do abono salarial, e o aumento das transferências diretas de renda.
Sobre o setor de serviços, a CNI cita o processo de normalização pós-pandemia, que beneficiou sobretudo os serviços ligados à mobilidade. Desta forma, a projeção de crescimento passou de alta de 1,2% para alta de 1,8%.
O PIB da indústria também foi revisado para cima, de uma queda de 0,2% para alta de 0,2%, “embora o setor ainda passe por dificuldades”, diz.
Já a agropecuária teve piora de expectativas, com previsão de estabilidade (0%), ante alta de 1,3%. “O recuo ocorre devido aos efeitos do clima adverso no início do ano para a soja, que foram mais intensos do que o previsto”, diz.
Em relação à segunda metade do ano, a CNI ressalta que espera uma continuidade do desempenho positivo na economia, com base nos dados do segundo trimestre disponíveis até o momento.
A previsão de melhora vem apesar da inflação pressionada globalmente. “A CNI revisou para cima a previsão de inflação (IPCA) para 2022, de 6,3% ao ano para 7,6% ao ano, mesmo considerando o significativo impacto da redução do ICMS de combustíveis (gasolina, diesel e etanol), energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo”, diz.
Sobre a Selic, a CNI espera mais uma elevação em agosto, que levaria a taxa para 13,75% ao ano até o fim de 2022.