CNC: Primeiro emprego representa mais de 20% dos postos formais gerados na pandemia
Entre julho de 2020, início da retomada do mercado formal, e maio de 2022, foram 1,1 milhão de postos, segundo dados levantados pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, com base no Caged
O primeiro emprego representou 22% do total de postos de trabalho formal criados de julho de 2020 a maio de 2022, segundo levantamento da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
A pesquisa foi encomendada pela CNN e realizada com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). Nesse período, as vagas de primeiro emprego totalizaram 1,1 milhão.
Dados do Caged mostram que, após três meses de forte queda por conta da Covid-19, julho de 2020 marca a volta do superávit na criação de postos formais no país. Desse mês até maio de 2022, foram abertos 5 milhões de empregos, o que representou uma alta de 14% na força de trabalho.
“O processo de reabertura da economia começou quando houve flexibilização da quarentena e naturalmente as empresas voltaram a contratar. Em 2020, inclusive, o resultado do ano como um todo é positivo, embora em abril, maio e junho tenham sido bastante negativos, especialmente em abril. Então essa retomada dos postos coincide com processo de reabertura da economia”, afirma Fabio Bentes, economista responsável pelo estudo.
Para Bentes, o volume de vagas de primeiro emprego reflete a busca das empresas por repor as perdidas na pandemia.
“Esse dado precisa ser inserido no contexto de inflação alta, empresas em processo de recuperação econômica, portanto mais oportunidades têm sido dadas para trabalhadores mais jovens, mais do que o normal. Isso não significa, necessariamente, que elas estão trocando profissionais mais caros por mais baratos, mas diante de um processo inflacionário elevado, é natural que elas procurem custos trabalhistas menores”, afirma o economista.
Bentes pondera que não é possível afirmar se essa tendência irá perdurar pelos próximos meses, já que as empresas tendem a preferir trabalhadores mais qualificados e experientes.
Do ponto de vista dos grandes setores econômicos, seis em cada dez vagas de primeiro emprego foram abertas no comércio, indústria de transformação e atividades administrativas e serviços complementares.
O levantamento da CNC ainda aponta que, nos últimos dez anos, a taxa de desemprego entre jovens de 18 a 24 anos tem sido mais que o dobro da média do mercado de trabalho. No primeiro trimestre de 2022, por exemplo, o índice de desocupação entre os jovens foi de 22,8% contra 11,1% da média geral.
De acordo com Bentes, o desemprego mais alto entre os jovens é comum. “Isso acontece por um motivo muito simples, os trabalhadores mais jovens têm mais dificuldade, historicamente, de entrar no mercado de trabalho, especialmente no mercado de hoje, desafiador, com taxa de desemprego perto de 10%”, colocou.
Situação do emprego no país
O Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) de maio deste ano apontou crescimento no número de postos formais no Brasil. O saldo do mês foi de 277.018 empregos, resultado de 1.960.960 admissões e de 1.683.942 desligamentos.
A melhora do nível de emprego foi registrada nos cinco grandes grupos de atividades econômicas:
- Serviços (+120.294 postos), distribuídos principalmente nas atividades de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas;
- Comércio (+47.557 postos);
- Indústria (+46.975 postos);
- Construção (+35.445 postos);
- Agricultura, pecuária, produção florestal, pesca e aquicultura (+26.747 postos).
A quantidade total de vínculos celetistas ativos foi de aproximadamente 41,7 milhões de vínculos em maio, o que representa uma variação positiva de 0,67% em relação ao mês anterior. No acumulado de 2022, foram mais de 9,6 milhões de admissões e cerca de 8,6 milhões de desligamentos.
Para além do mercado formal de trabalho, o Brasil tem 11,9 milhões de pessoas desempregadas, segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do IBGE, do trimestre encerrado em maio. A taxa de desocupação é de 9,8%, a menor para o período desde 2015.