Circulação de notas de valor alto é conveniente para corruptos, diz procurador
Segundo o presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, direção do mundo é oposta à anunciada pelo Banco Central
O procurador e presidente do Instituto Não Aceito Corrupção, Roberto Livianu, acredita ser “extremamente interessante” e “muito conveniente” a circulação de notas altas, como a de R$ 200, para quem lava dinheiro e pratica corrupção. O lançamento da nova cédula foi anunciado na quarta-feira (30) pelo Banco Central e aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Ela terá como personagem o lobo-guará e deve começar a ser produzida em agosto.
A providência, porém, vai na contramão dos outros países. Segundo Livianu, há pouco tempo a Europa retirou de circulação a nota de 500 euros – a de maior valor da série do euro. Já os Estados Unidos estudam a retirada da sua nota mais alta.
“Existe uma preocupação com a rastreabilidade das operações, para que se evite fraudes e se saiba sobre as transações que acontecem, as legítimas e ilegítimas”, disse.
Para o procurador, é muito possível que os assaltantes de bancos, carros-fortes e caixas 24h estejam “comemorando” a nova medida.
“Os loucos que pretendem praticar crimes, lavagem de dinheiro, corrupção e aquele pessoal que transporta dinheiro ilícito em mochilas e malas, para eles é muito mais fácil transportar cédulas de R$ 200”, falou Livianu, ao explicar que desta maneira será possível transportar uma quantidade de dinheiro muito maior e com menor peso.
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Livianu contou ainda que, no ano passado, o Instituto Não Aceito Corrupção, juntamente com o Movimento Transparência Partidária e outras 20 organizações, se reuniram com Carolina Barros, diretora de administração do BC em Brasília, para conscientizar a instituição sobre a importância da retirada da nota de R$ 100 de circulação.
“O Banco Central nos prometeu que avaliaria o nosso movimento”, falou.
De acordo com ele, a iniciativa de tirar a nota de R$ 100 de circulação não seria suficiente para impedir a lavagem de dinheiro, mas dificultaria a prática.
Livianu lembrou que a emissão de cédulas de R$ 200 custará muito ao país, e questionou se neste momento de crise econômica e sanitária é onde o foco deve estar.
“Será que não temos outras prioridades? Será que é [prioridade] emitir moeda neste momento de pandemia?”, questionou.
(Edição: Bernardo Barbosa)