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    Ciclo de desenvolvimento de uma startup acelera na América Latina, aponta estudo

    Nos últimos cinco anos, o número total de unicórnios — startups que valem mais de US$ 1 bilhão — quadruplicou na região, porém a captação de recursos está caindo

    da CNN , São Paulo

    Uma pesquisa realizada pela Mckinsey & Company mostrou que o ciclo de desenvolvimento de uma startup está cada vez mais rápido na América Latina.

    O tempo mínimo para uma dessas empresas virar unicórnio — quando seu valor é a avaliado em mais de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5 bilhões) — passou de cinco anos, em 2019, para um, em 2021.

    O tempo para essas empresas de tecnologia atingir um milhão de clientes também mudou, passando de 40 meses, em 2014, para 6 meses, em 2019.

    O fluxo de capital que gira em torno desse segmento na América Latina também apresentou um salto. O montante de investimento nas startups, o chamado venture capital (VC), registrou um aumento 500% de 2018 a 2021.

    Em 2018, o valor investido para este fim foi de US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões). Em 2021 disparou para R$ 18 bilhões (R$ 90 bilhões).

    A quantidade de investidores de startups passou de 710, em 2018, para 1.708, em 2021. Ou seja, um aumento de mais de 140%.

    Um dos motivos levantados pelo estudo que explica esse boom nas empresas de tecnologia foi a mudança de mentalidade dos novos talentos.

    Os dados mostram que dos estudantes brasileiros recém-formados em cursos de ciências da computação, engenharia da computação, informática e outros cursos tecnológicos, 87% gostariam de trabalhar para uma startup.

    Já os que gostariam de abrir uma startup são 83%. E os que já tem um negócio, 19%.

    A pesquisa da Mckinsey & Company constata ainda que, atualmente, este segmento está vivendo os primeiros ciclos de baixa. Foi registrado uma queda de 30% no valor de venture capital. Com isso, 33% das companhias tiveram uma rodada de investimentos negativa.

    Ainda neste cenário, de 2021 a 2022, houve uma queda de 51% no volume de financiamento de VC.

    Vale ressaltar que, mesmo o volume de capital das startups ter caído, ainda está 63% acima dos níveis pré-pandemia, e está disponível principalmente para empresas em estágio inicial.

    Quase 1/3 das startups da América Latina têm menos de 18 meses de estrada.

    Escassez de capital

    Quase 30% das startups possuem caixa suficiente para mantê-las apenas pelos próximos 18 meses. Para as 70% restantes, um maior fôlego financeiro pode não ser suficiente para se manterem por muito tempo, já que os ciclos de captação estão cada vez mais longos.

    Muitos fundos estão capitalizados e dispostos a investir quase US$ 2,5 bilhões (R$ 12,5 bilhões) em inovação. Mas, esse capital está acessível principalmente para as early stage — startups que estão começando.

    Para as mais maduras, em series B+, o prognóstico é mais difícil e estima-se uma escassez de US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões) para acelerações de crescimento.

    O estudo retrata que os investidores estão cada vez mais exigentes. Enquanto na época de bonança o foco era crescer a qualquer custo, em tempos de vacas magras, as startups precisam demonstrar que já possuem ou vislumbram um caminho sólido em direção à lucratividade.

    Os dados mostram ainda que, nessa balança, o crescimento continua com maior peso para as startups da região: para 84% delas, crescer é prioridade número um. Grande parte delas continuou crescendo no período — 47% das startups cresceram mais de 90% ao ano em 2022.

    Isso se deu, principalmente, pelo aumento na digitalização do consumidor, mas também pelo esforço de aquisição de clientes que essas empresas seguem fazendo.

    Virada financeira

    O levantamento sugere caminhos para estas empresas atravessar o momento de queda no ciclo e acelerar para uma virada financeira.

    “Uma das métricas mais importantes para quem empreende é a visão do retorno ao longo do ciclo de vida de um cliente (Life Time Value) sobre o custo de aquisição deste (Customer Aquisition Cost). É normal que essa métrica diminua ao longo do início de vida de uma empresa, mas ela deve se estabilizar e começar a crescer, uma vez que a empresa ganhe corpo”, pontua o documento.

    “É crucial que fundadores e executivos tenham transparência e monitorem de perto esse pulso, procurando canais que otimizem o CAC e ajustando a oferta de produto de forma a ampliarem o LTV”.

    A maior eficiência em TI é prioridade para 49% das startups, de acordo com a pesquisa. Os custos com uso de nuvem e time de desenvolvimento estão entre as maiores dores para as empresas digitais.

    Segundo o estudo, para que essa linha de despesa não exploda, é preciso não só implementar ferramentas de monitoramento do uso de nuvem, mas, acima de tudo, mudar práticas de arquitetura, implementar fundamentos sólidos de infraestrutura, cyber e modelo de trabalho em nuvem.

    “Quem consegue fazer isso reduz em até três vezes o time to market, incorre de 20% a 30% menos erros e diminui até 25% dos custos em nuvem.”

    Neste cenário, fortalecer os fundamentos do time e da cultura é uma prioridade para 59% dos fundadores entrevistados.

    Conforme relatou uma das startups participantes do estudo, “estamos apostando nas pessoas, garantindo que o talento certo está no lugar certo e com o plano de incentivo certo para manter a equipe motivada”.

    O levantamento conclui que o desafio é que, atualmente, a visão do que importa é bem diferente para fundadores, colaboradores e estudantes que estão ingressando no mercado de trabalho.

    “Enquanto fundadores ainda acreditam que propósito, cultura e oportunidade de aprendizado são os fatores decisivos para atração de talentos, colaboradores e estudantes importam-se com aspectos mais objetivos, como salário e modelo de trabalho remoto.”

    Universo

    Os pesquisadores conduziram o estudo para entender melhor este contexto. Para isso, foram consultadas 200 das principais startups da América Latina e cerca de 30 líderes do mercado foram entrevistados.

    Mais de 300 funcionários desse universo foram ouvidos e mais de 300 estudantes de ciências, tecnologia, engenharia e matemática.

    As empresas do estudo estão espalhados em oito países e mais de 15 setores diferentes.

    Veja também: Ibovespa tem alta com alívio nos treasuries