Chinesa Evergrande entra com pedido de proteção contra falência
Empresa, que já foi a segunda maior incorporadora do país asiático, deixou de pagar empréstimos em 2021
O Grupo Evergrande — que já foi a segunda maior incorporadora da China — entrou com pedido de proteção contra falência nesta quinta-feira (17).
A empresa acumulou diversos empréstimos e deixou de pagá-los em 2021, o que gerou uma enorme crise imobiliária na economia da China, que continua sentindo seus efeitos.
O pedido foi feito por meio do “Chapter 15”, ou “Capítulo 15”, o capítulo relativamente novo da lei das falências norte-americanas destinado a lidar com os processos de recuperação judicial internacionais, originados em outros países.
A incorporadora tem lutado para pagar seus empréstimos, que chegaram a R$ 2,4 trilhões de yuans (cerca de R$ 1,7 trilhão) no final do ano passado, o que equivale a cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) da China.
No mês passado, a empresa informou em comunicado ao mercado que havia perdido US$ 81 bilhões (cerca de R$ 403 bilhões) de acionistas entre 2012 e 2022.
A inadimplência da Evergrande em 2021 desencadeou uma crise gigante no mercado imobiliário da China e prejudicou o sistema financeiro do país.
Desde seu colapso, várias outras incorporadoras da China, incluindo Kasia, Fantasia e Shimao Group, também ficaram inadimplentes.
Mais recentemente, outra gigante imobiliária chinesa, a Country Garden, alertou que iria “considerar a adoção de várias medidas de gerenciamento de dívida” — alimentando especulações de que a empresa poderia estar se preparando para reestruturar seus débitos.
Plano de ação
A Evergrande é uma grande empresa com mais de 1.300 projetos imobiliários em mais de 280 cidades, de acordo com seu site. A empresa também atua em diferentes setores não imobiliários, como o de veículos elétricos, de assistência médica e de parques temáticos.
No início deste ano, a Evergrande revelou seu tão esperado plano de reestruturação de dívidas — o maior da história da China. A empresa disse que chegou a “acordos vinculativos” com seus detentores de títulos internacionais sobre os principais termos do acordo.
“A reestruturação proposta aliviará a pressão de endividamento offshore da empresa e facilitará os esforços da empresa para retomar as operações e resolver problemas em terra”, disse a empresa em comunicado.
Como parte do plano, ela se concentraria em retornar às operações normais nos próximos três anos, mas exigiria financiamento adicional de US$ 36,4 bilhões a US$ 43,7 bilhões.
A empresa também alertou que sua unidade de veículos elétricos corre o risco de fechar sem novos aportes.
Desde a divulgação da proposta, já houve financiamentos.
No início desta semana, a NWTN, empresa automobilística com sede em Dubai, anunciou um investimento estratégico de US$ 500 milhões no grupo EV de Evergrande em troca de uma participação de cerca de 28%.
A CNN entrou em contato com Evergrande, mas ainda não obteve retorno.
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