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    Cerca de £ 50 bilhões estão ‘perdidas’ na Inglaterra e ninguém sabe o porquê

    A demanda por dinheiro aumentou na maioria das economias avançadas desde a crise financeira global, mostra relatório do Bank for International Settlemen

    Hanna Ziady, do CNN Business, em Londres

    O uso de dinheiro vem diminuindo na Inglaterra nos últimos anos, mas a demanda por notas está disparando. Ninguém sabe ao certo para onde está indo o dinheiro físico. 

    Um grupo de parlamentares do Reino Unido disse na última sexta-feira (4) que até £ 50 bilhões em dinheiro vivo estavam “perdidos” e pediu ao Banco da Inglaterra que investigue as causas. 

    O dinheiro está “guardado em algum lugar, mas o Banco da Inglaterra não sabe onde, por quem ou para quê – e não parece muito interessado em saber”, disse Meg Hillier, presidente do Comitê de Contas Públicas da Câmara dos Comuns, que supervisiona as finanças do governo. “Ele precisa se preocupar mais com onde estão os £ 50 bilhões que faltam”, acrescentou ela.

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    O Banco da Inglaterra reagiu imediatamente. “Os membros do público não precisam explicar ao Banco por que desejam ter dinheiro físico. Isso significa que as notas não estão faltando”, disse um porta-voz em um comunicado, acrescentando que o banco central continuará atendendo à demanda pública por notas.

    Apesar do aumento do uso de pagamentos digitais, a demanda por dinheiro aumentou na maioria das economias avançadas desde a crise financeira global, de acordo com um relatório de 2018 do Bank for International Settlements. Isso foi parcialmente impulsionado por taxas de juros mais baixas, disse o relatório, que diminuíram os retornos sobre as poupanças mantidas com os bancos.

    “Estamos vendo o uso crescente de dinheiro como reserva de valor, ao invés do uso fins transacionais”, disse a caixa-chefe do Banco da Inglaterra, Sarah John, em depoimento perante o Comitê de Contas Públicas em outubro. As preocupações com a força das instituições financeiras desde a crise de 2008 também contribuíram para isso, acrescentou ela.

    E, embora houve uma queda acentuada na demanda por notas e moedas durante o pico das medidas de isolamento social, ela se recuperou, com as pessoas estocando ainda mais dinheiro em casa como resultado da pandemia.

    O número de notas em circulação na Grã-Bretanha atingiu um recorde de 4,4 bilhões em julho, com um valor total de £ 76,5 bilhões, de acordo com um relatório de setembro do National Audit Office (NAO), que monitora os gastos do governo. Isso se compara a 1,5 bilhão de notas no valor de cerca de £ 24 bilhões em 2000.

    Ao mesmo tempo, o volume de pagamentos em dinheiro vivo diminuiu, uma tendência que provavelmente vai ganhar tração por causa da pandemia. Há dez anos, o dinheiro era usado em seis entre dez transações; no ano passado, foram menos de três.

    O Banco da Inglaterra estima que entre 20% e 24% do valor das notas em circulação são usados ??para transações em dinheiro, com mais 5% detidos pelas famílias do Reino Unido como poupança.

    “Pouco se sabe sobre o restante, no valor de aproximadamente £ 50 bilhões, mas as possíveis explicações incluem participações no exterior para transações ou poupanças e possivelmente participações no Reino Unido de poupança doméstica não declarada”, disse o NAO em seu relatório.

    A entidade recomendou que o banco central, trabalhando com outras autoridades públicas, melhorasse seu entendimento sobre o que está impulsionando o aumento na demanda por notas e quem está detendo os £ 50 bilhões.

    “Este trabalho pode ajudar a informar uma política mais ampla, por exemplo, sobre evasão fiscal”, acrescentou.

    Exclusão financeira

    O relatório do NAO advertiu que o uso cada vez menor de dinheiro pode aumentar o risco de exclusão financeira se as empresas pararem de aceitar dinheiro devido aos custos crescentes associados à queda dos volumes. Pouco mais de um milhão de adultos no Reino Unido não têm uma conta em banco, disse o relatório, citando dados da Financial Conduct Authority.

    “Definitivamente, há uma ligação com áreas mais carentes que ainda dependem muito mais de dinheiro do que em alguns centros urbanos”, disse Sarah John à Câmara dos Comuns.

    Existem atualmente cinco órgãos públicos responsáveis ??pela administração ou supervisão do sistema de caixa da Grã-Bretanha, incluindo o Banco da Inglaterra, o Tesouro, a Casa da Moeda Real, a Autoridade de Conduta Financeira e o Regulador de Sistemas de Pagamentos.

    O governo do Reino Unido disse em outubro que está considerando dar à Autoridade de Conduta Financeira a responsabilidade geral pelo sistema de caixa “dado seu papel regulador existente e objetivo de proteção ao consumidor”. Ele também detalhou planos para garantir que as pessoas continuem tendo fácil acesso ao dinheiro.

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