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    Carros elétricos, pneus, aço: quem mais teve ou pede proteção contra “invasão” chinesa

    Aumento das tarifas de importação enfrenta, porém, resistência de segmentos consumidores

    Daniel Rittnerda CNN

    Além da indústria química, montadoras de veículos e fabricantes de pneus estão pedindo à Câmara de Comércio Exterior (Camex) um aumento das tarifas de importação contra seus concorrentes de fora.

    Já as usinas siderúrgicas conseguiram, em abril, proteção adicional para 11 produtos de aço. As alíquotas sobre diferentes tipos de laminados planos, fios-máquinas e tubos usados em oleodutos e gasodutos subiram para 25% durante um período de 12 meses.

    No caso da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), o pedido contempla carros elétricos e híbridos.

    O governo reviu a política de “tarifa zero” de importação, estabelecida em 2015, e iniciou um aumento gradual das alíquotas até 2026.

    Em julho, elas subiram para 28% no caso dos elétricos e para 25% no caso dos híbridos. A Anfavea quer uma elevação imediata para 35% — a tarifa “cheia” do setor.

    O Brasil se tornou um dos maiores mercados do mundo para carros eletrificados chineses, superando a Rússia e a Bélgica. Recentemente, temendo uma invasão dos asiáticos, os Estados Unidos elevaram suas tarifas para mais de 100%.

    O presidente da Anfavea, Márcio de Lima Leite, cita um “aumento exagerado” de importações da China e diz que há algo em torno de 80 mil veículos elétricos ou híbridos chineses em estoque nas revendedoras brasileiras.

    A entrada dos importados, até agora, mais do que quadruplicou na comparação com o ano passado.

    Segundo relatos feitos à CNN, há uma divisão no governo sobre o assunto. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, seria favorável ao aumento imediato das alíquotas para 35%.

    O ministro da Casa Civil, Rui Costa, seria contra. Ele é ex-governador da Bahia, estado onde a chinesa BYD está se instalando para produzir a partir de 2025 — mas que, por ora, ainda está importando.

    A indústria de pneus também quer uma elevação da tarifa de 16%, como é atualmente, para 35%.No período de 2017 a 2023, enquanto as vendas de pneus nacionais para passeio e carga caíram 18%, as importações avançaram 117%.

    O pleito não é consensual na iniciativa privada. A Associação Brasileira dos Importadores e Distribuidores de Pneus (ABIDP) critica a possível elevação de tarifa e afirma que esta mudança poderia impactar a inflação no país.

    Estudo da entidade mostra que os pneus deverão ficar 25% mais caros, impactando no aumento de custos de 6% para o setor de transporte rodoviário — para quem os pneus são o segundo insumo mais caro, perdendo apenas para o combustível.

    Em entrevista à CNN, em julho, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Uallace Moreira, ressaltou que as decisões sobre eventuais aumentos das alíquotas de importação serão “técnicas”.

    Moreira ponderou, no entanto, que a proteção à indústria pode ser necessária, em sua opinião, como forma de buscar competitividade enquanto diversos países do mundo dão incentivos e aplicam suas próprias políticas de combate à concorrência desleal com importados.

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