Carrefour terá que explicar política de treinamento e seleção ao Procon-SP
A varejista precisa esclarecer a reincidência de casos de violência cometidos contra pessoas negras em estabelecimentos da rede de hipermercados
O Procon-SP solicitou ao Carrefour (veja a cotação em tempo real: CRFB3) que explique, no prazo de 72 horas, a reincidência de casos de violência cometidos contra pessoas negras em estabelecimentos da rede de hipermercados. O órgão notificou a empresa respaldado no Código de Defesa do Consumidor, que preconiza que os consumidores devem ser atendidos com respeito à dignidade humana, saúde e segurança.
O objetivo do Procon é reunir informações sobre os critérios usados no treinamento e seleção de funcionários próprios e terceirizados, bem como verificar a política interna trabalhada junto a funcionários e prestadores de serviço quanto aos direitos e garantias do consumidor.
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“O Carrefour precisa explicar como está selecionando as empresas que fazem a segurança de seus estabelecimentos, quais os critérios e o treinamento. Queremos saber por que casos de violência têm se repetido em suas lojas”, afirma Fernando Capez, diretor executivo do Procon-SP.
O Procon-SP ainda pretende apurar quais procedimentos administrativos foram adotados após o dia 19, quando João Alberto Silveira foi morto por espancamento em uma loja em Porto Alegre.
O órgão pediu ainda esclarecimentos se no estado de São Paulo o serviço de segurança é próprio ou terceirizado. Caso seja terceirizado, o Carrefour precisa dizer o nome da prestadora de serviço e quais critérios foram adotados para a contratação.
Procurada, a assessoria de imprensa do Carrefour disse que está verificando a solicitação do Procon. O espaço fica aberto para o pronunciamento da varejista.
Outros casos
Essa não é a primeira vez em que o Carrefour esteve envolvdo em situações de violência e discriminação, segundo levantamento do Procon-SP.
Em 2009, no estacionamento de uma loja em Osasco, um cliente do hipermercado foi agredido por funcionários do Carrefour acusado de roubar o próprio carro. Em 2018, em uma unidade de São Bernardo do Campo, um homem sofreu violência física de representantes da empresa, ficando, inclusive, com sequelas. Nos dois episódios, as vítimas eram negras.
No mês de agosto deste ano, um promotor de vendas de uma unidade no Recife morreu enquanto trabalhava, seu corpo foi coberto com guarda-sóis e a loja seguiu funcionando. Há também o caso da cadela Manchinha, de 2018, que envenenada e espancada por um representante da rede.
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